Leitura e escrita: principais alternativas para a produção textual
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Date
2009Author
SOUZA, Gláucia Lima de
MACHADO, Lúcia Helena Correia
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O ensino da Língua Portuguesa é motivo de preocupação constante nas escolas e
universidades de todo o país. O que gera tal preocupação é a dificuldade que a grande parcela
de alunos, dos diferentes níveis de ensino demonstram em compreender textos e organizar
idéias por escrito. Essas evidências apontaram para a necessidade da reestruturação das
propostas de ensino de Língua Portuguesa, a fim de que se encontrassem alternativas para
melhorar a qualidade da aprendizagem da leitura e da escrita, de modo a possibilitar o
domínio da língua como “expressão da própria vida” e como elemento fundamental à sua
capacidade de comunicação.
Desde que os estudos na área da linguística permitiram a reflexão sobre como se dá o
processo de aquisição da linguagem, propostas pedagógicas surgiram com a pretensão de
refutar a repetição e a memorização de conteúdos desprovidos de qualquer problematização.
Em função das novas necessidades da sociedade, que transita pelas diversas dimensões
do caráter social da língua que é variada, multifacetada, heterogênea e histórica, não
monolítica nem uniforme.
As línguas são fenômenos históricos que vieram se constituindo ao longo do tempo
pela ação de muitas gerações. Trata-se de uma produção coletiva, social (...). “A condição de
possibilidade da língua é um dado natural, uma inscrição biológica potencial da espécie
humana, mas o seu desenvolvimento e suas propriedades de uso são fatores culturais e
profundamente inseridos na experiência cotidiana”. (MARCUSCHI, 1997. In: DIONISIO,
2001, p. 48).
Nessa perspectiva, ensinar Língua Portuguesa é muito mais do que ensinar códigos que se
combinam, segundo regras normativas, uma vez que a língua é resultante das relações sociais,
em que os falantes se tornam sujeitos, independentemente da maneira que se expressem. Isso
exige que a escola venha a considerar a variedade linguística de seus alunos. Se a língua é
entendida como heterogênea, isto é, constituída por um conjunto de variedades determinadas
pela situação social, histórica e geográfica, a norma culta deve ser considerara apenas como
uma das muitas variedades da língua, não é a melhor nem a pior, pois todas as demais também
respondem a uma organização estrutural e às necessidades dos falantes.
Em função disso, ensinar língua envolve posturas educacionais diferenciadas daquelas
que privilegiavam apenas o que ensinar aos alunos. Hoje, deve-se pensar em como e para que
os alunos aprendem.
Cabe à escola trabalhar a norma culta, porque o conhecimento sistematizado veiculado
nos meios de comunicação está registrado por meio dessa variedade. Porém, ao cumprir a sua
função, a escola não deve desrespeitar a variedade trazida pelo aluno, pois ela faz parte de sua
história enquanto sujeito.
Nesse sentido, trabalhar a Língua Portuguesa implica criar situações significativas
para a prática efetiva do uso da língua. Entendida como fruto da interação social. Significa
considerar que todo falante não produz palavras e frases soltas, sem intencionalidade. Os
textos, orais e escritos, que são produzidos socialmente interagem de alguma forma, pois
cumprem uma finalidade e dirigem-se a um interlocutor determinado.
Por isso, um ensino de Língua Portuguesa que vise a expandir as possibilidades do uso
da linguagem por meio das habilidades de falar e ouvir, escrever e ler, em diferentes
situações discursivas, tem de ter como unidade básica o texto. Não como mero pretexto para
apresentar conteúdos da gramática normativa; mas de trabalhar o texto como manifestação
linguística, como um discurso produzido num dado momento histórico, com um determinado
fim e marcado pelas idéias da sociedade da época. Um texto não de define por sua extensão.
Se uma única palavra formar um todo significativo, entende-se estar diante de um texto, pois,
se ele estiver inserido em uma situação comunicativa, pode cumprir sua função.