Homero existiu ou não?
View/ Open
Date
2006Author
DUTRA, James Gusmão
MENESES, Thatiana Santos
Metadata
Show full item recordAbstract
A existência ou não do poeta épico grego Homero tem sido o combustível para discussões tanto entre teóricos das ciências históricas como das ciências literárias desde quando Aristófanes de Bizâncio (c. 257 a.C. – 180 a.C.) e seu discípulo Aristarco de Samotrácia (c. 217 – 145) começaram as primeiras exegeses de Homero em Alexandria.
Da vida de Homero nada se sabe com segurança, embora dados semilendários sobre ele fossem transmitidos desde a Antiguidade. Uma vez que os mitos gregos eram recolhidos pela tradição e transmitidos oralmente pelos aedos e raspsodos, cantores ambulantes que davam forma poética aos relatos populares e os recitavam de cor em praça pública. Era difícil conhecer os autores de tais trabalhos de formalização, porque num mundo em que predomina a consciência mítica não existe a preocupação com a autoria da obra, já que o anonimato é conseqüência do coletivismo, fase que ainda não se destaca a individualidade.
Não obstante isso, devido à insuficiência de provas da existência ou não de Homero, gerou-se a questão homérica: - Teria Homero existido ou não? Essa questão tem fomentado calorosas discussões e interessantes pesquisas sobre esse poeta cuja obra tem influenciado a literatura ocidental significativamente. A Eneida de Virgílio (-30/-19), Os Lusíadas de Camões (1572) e o Ulisses de Joyce (1921) são apenas alguns dos numerosos exemplos.
Esse problema tem preocupado os especialistas, desde os gregos até os nossos dias, conhecendo uma fase de maior polêmica a partir da publicação, em 1795, dos Prolegomena ad Homerum de F.A. Wolf. No século XX, K. Lachman afirma que Homero é apenas um nome coletivo, já que nos poemas não se verifica unidade nem de plano, nem de autor. Ao contrário, G. Hermann defende uma unidade intencional ou ampliação progressiva dos poemas: um núcleo primordial foi concebido e composto por um poeta e desenvolvido posteriormente por outros.