Levantamento etnofarmacológico de plantas medicinais utilizadas pelos usuários da Unidade Básica de Saúde Doutor Roberto Paixão, Aracaju, Sergipe
Abstract
A percepção sobre o poder curativo das plantas medicinais é uma das formas de relação entre
populações e as práticas relacionadas ao uso tradicional são o que muitas comunidades têm como
única alternativa para a manutenção da saúde ou o tratamento de doenças. Contudo, a brusca mudança
de valores nos campos mais importantes do agir e do viver humanos, sugerida ou amparada por meios
poderosos de difusão cultural vem causando uma situação de incerteza e apreensão sobre o modo de se
conduzir e o que pensar e sentir . Dentro deste contexto, na tentativa de restabelecer a herança cultural
brasileira, Políticas Públicas têm sido apresentadas como formas de determinar as diretrizes na área de
plantas medicinais e Saúde Pública. A Fitoterapia é uma importante e promissora prática terapêutica.
O presente estudo caracteriza-se como descritivo, de natureza quantitativa com objetivo de realizar um
levantamento etnofarmacológico das plantas medicinais utilizadas pelos usuários do SUS assistidos na
Unidade de Saúde da Família Doutor Roberto Paixão, Aracaju-SE. Foi aplicado um questionário
eletrônico que abordava sobre o conhecimento e utilização das plantas medicinais, além de dados
sociodemográficos. Foram entrevistadas 152 pessoas, onde 87,5% relataram o uso de plantas
medicinais para tratamento de diversas enfermidades. A predominância entre os entrevistados foi do
gênero feminino (81,6%), a maioria dos participantes (86,8%) se enquadraram na faixa etária entre 20
e 59 anos, e 75% destes usuários relataram a utilização das plantas medicinais em conjunto com seus
medicamentos de uso crônico. No total, foram citadas 18 espécies e a família mais citada em números
de espécies foi a Lamiaceae. Parâmetros analíticos quantitativos específicos para estudos
etnofarmacológicos descritos por Hussein et al., 2019, foram aplicados nesta pesquisa. A infusão foi a
extração mais utilizada (56,3%) e as folhas, a parte da planta mais citada (47,8%). Problemas no trato
gastrointestinal foram destaque no estudo e o cultivo em quintais foi preponderante na comunidade
(39,7%). Parâmetros analíticos quantitativos são importantes para direcionar estudos futuros na
Etnofarmacologia, e a interação entre o Farmacêutico e usuários do SUS relacionando o saber popular
e o conhecimento científico é imprescindível.