EPIDEMIOLOGIA DE GESTANTES SOROPOSITIVAS PARA O TREPONEMA PALLIDUM E ADESÃO AO ACOMPANHAMENTO DOS RECÉM-NASCIDOS
Abstract
A sífilis congênita tem como agente etiológico o Treponema pallidum. Esta resulta da
contaminação do feto pela gestante infectada sem tratamento ou com tratamento
inadequado, que acontece mais frequentemente através da disseminação hematogênica por
via transplacentária, líquido amniótico e canal de parto. Constitui, portanto, um problema de
saúde pública, sendo que 90% dos casos estão nos países em desenvolvimento. A
incidência de sífilis congênita no Brasil varia entre 0,8 a 9,8 casos para mil nascidos vivos,
nas várias unidades da Federação. Essas taxas servem como indicadores de qualidade
sobre a atenção à saúde da mulher e da criança e marcador de desenvolvimento de um
país. A evolução natural da doença leva ao aumento da mortalidade e da morbidade com
sequelas auditivas, visuais, neurológicas e osteomusculares. Assim sendo, objetivou-se
avaliar os recém-nascidos filhos de mães VDRL positivo, acompanhados no programa de
eliminação de sífilis congênita em maternidade conveniada ao SUS em Aracaju/SE de 2010
a 2013. Trata-se de um estudo observacional, longitudinal e descritivo. A amostra foi não
aleatória, com dados coletados através do prontuário de sífilis congênita do ambulatório da
maternidade em estudo, incluindo 595 nascidos vivos. A prevalência de VDRL positivo nas
gestantes foi de 1,8% com IC 95% 1,67 a 1,88. Elas tinham de 20 a 29 anos em 51,7%,
menos de oito anos de escolaridade em 58% e apenas 2,7% foram consideradas
adequadamente tratadas no pré-natal. O percentual de parceiros não tratados foi de 71,4%
com IC 95% 66,5 a 74,9. A prevalência de sífilis congênita para 1.000 nascidos vivos foi de
7,9 casos com IC 95% 7,2 a 8,6. Os recém-nascidos não compareceram à primeira consulta
do programa em 28,2% com IC 95% 24,4 a 31,1. A taxa de abandono ao longo dos 18
meses foi de 66,7 % com IC 95 % 62,7 a 69,6. Eles apresentaram prematuridade ou baixo
peso ao nascer em 19.6% com IC 95% 15,7 a 23,1%. Os recém-nascidos foram tratados
com penicilina cristalina em 67,1% com IC 95% 62,6 a 71,1% e com penicilina benzatina em
30,6% com IC 95% 26,2 a 34,8. Eles receberam alta do programa em 37,5% com IC 95% a
33,0 a 41,0. Conclui-se que existe uma alta prevalência de sífilis na gestação e congênita,
poucas mães foram consideradas adequadamente tratadas durante o pré-natal, os parceiros
foram não tratados ou fizeram tratamento incompleto em mais de setenta por cento. A
adesão à primeira consulta do programa de eliminação de sífilis congênita é baixa,
associada ao percentual elevado de abandono ao longo do seguimento, que resultou em
menos de quarenta por cento dos bebês receberem alta do programa.