ESTUDO DA ESTEATOSE HEPÁTICA NÃO ALCOÓLICA EM PACIENTES SUBMETIDOS A EXAME DE ULTRASSONOGRAFIA ABDOMINAL EM ARACAJU-SE
Abstract
A doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) é um termo amplo que engloba
alterações secundárias à infiltração gordurosa no fígado de pacientes não etilistas. O
espectro evolutivo da DHGNA engloba esteatose, esteato-hepatite e cirrose sendo,
atualmente, considerada a hepatopatia mais prevalente do adulto. A DHGNA está em
ascensão e uma ampla variedade de fatores incluindo genético, ambiental e metabólico
estão envolvivos. O presente estudo objetiva estimar a prevalência da esteatose hepática
não alcoólica em pacientes submetidos a exames de ultrassonografia abdominal de rotina
em Aracaju-SE e analisar possíveis associações com variáveis quantitativas e categóricas
fornecidas por meio de medidas antropométricas, resultados bioquímicos e questionário
sociodemográfico. Trata-se de um estudo prospectivo, não experimental, descritivo tipo
survey com abordagem analítica quantitativa. Os dados foram coletados em quatro centros
de referência de ultrassonografia do município de Aracaju, após a aprovação do comitê de
ética. Para o cálculo da amostra foi utilizado um valor de prevalência de 27,3%, um erro de
5%, uma perda de 10%, totalizando 335 pacientes. O nível de significância utilizado foi p <
0,05 e o programa estatístico SPSS 22.0. Neste estudo foram avaliados 800 indivíduos, 561
mulheres e 239 homens, destes, 233 (29,1%) tiveram diagnóstico de esteatose hepática. A
prevalência da infiltração gordurosa hepática com relação ao gênero foi de 33,4% no
masculino e de 27,2% no feminino. Em relação aos graus 119 pacientes tinham grau 1
(51,0%), 94 grau 2 (40,4%) e 20 grau 3 (8,6%). Nos pacientes com infiltração gordurosa
hepática foram observados valores elevados de IMC em 88,0 %, de circunferência da
cintura em 95%, de LDL em 20,5%, de colesterol total em 63,4%, de HOMA-IR em 33,3% e
de glicemia em 35,9%. A obesidade foi encontrada em 50,4% dos pacientes com
diagnóstico de esteatose hepática não alcoólica, o diabetes mellitus tipo 2 em 13,7 %, a
hipertrigliceridemia em 46,4% e baixos níveis de HDL em 61,1%. Houve associação
estaticamente significativa entre variáveis como peso, circunferência da cintura,
circunferência do quadril, AST, ALT, glicemia, triglicerídeos, insulina, HOMA-IR e os graus
da esteatose hepática. Após a regressão logística evidenciou-se aumento na chance de se
encontrar esteatose hepática com elevação de IMC, da qCACQ, da idade e com variações
de gênero e renda. Assim como aumento na chance de se encontrar formas mais graves da
doença com elevação dos triglicérideos e diminuição desta chance com o aumento do LDL.
A partir das variáveis estudadas, um modelo representativo final foi elaborado permitindo
estimar a chance (Ô) e, consequentemente, a probabilidade ou risco ( ) de se encontrar a
esteatose hepática ou graus mais avançados desta. A ultrassonografia mostrou ser um bom
método para detecção da esteatose hepática em todos os graus, 1 (leve), 2 (moderado) ou
3 (severo). Assim como associada a dados antropométricos e bioquímicos possibilitou a
sugestão de pacientes que deveriam ser selecionados para realização de métodos
diagnósticos invasivos como a biópsia hepática.