Quilombo sítio alto-Simão Dias/SE: narrrativas de saberes ancestrais
Abstract
Esta dissertação tem como temática de estudo os Saberes Ancestrais do Quilombo
Sítio Alto, localizado em Simão Dias/SE. A pesquisa tem como objetivo geral
compreender como se ressignificam os saberes ancestrais no chão do Quilombo Sítio
Alto, tendo em vista as amarras criadas no cenário pedagógico da colonialidade. Para
chegar ao alcance do objetivo geral, foram definidos os seguintes objetivos
específicos: identificar as formas como os/as quilombolas do Sítio Alto insurgem
diante da colonialidade; perceber como os saberes das/dos mais velhas/os são
apropriados pelas gerações mais novas em seus processos de ressignificações e
insurgências perante a colonialidade que permeia a sociedade atual. Dessa forma
faço a seguinte pergunta: Como os saberes ancestrais dos mais velhos se
ressignificam e insurgem no chão do Quilombo Sítio Alto dentro da colonialidade?
Nesse sentindo, defendo o pressuposto da potência dos Saberes Ancestrais de
grupos historicamente subalternizados e marginalizados, como é o caso dos
quilombolas do Sítio Alto, por acreditar que, mesmo dentro de uma colonialidade que
é cenário pedagógico, esses grupos se organizam enquanto sujeitos insurgentes, para
guardar e ressignificar seus saberes ancestrais e (re)existirem. As ações
desenvolvidas nos quilombos são maneiras outras de ensinar, que transpassam os
limites que a colonialidade, como cenário pedagógico, cria, impõe e ensina. Assim,
acredito que um quilombo se faz quilombo e resiste como tal pela força dos saberes
ancestrais e identitários que nele se constroem – com todos os conflitos e contradições
próprios desse processo. O caminho metodológico ecoou as narrativas de sujeitas/os
quilombolas. Nas linhas dessa dissertação, desenvolvemos a escrevivência do povo
quilombola, o povo negro, percebidos aqui em sua essencialidade para a
compreensão dos saberes ancestrais. Juntar a nossa voz à de todos/todas
quilombolas é um processo de escrevivência para o qual tivemos de achar direção.
Assim, junto à escrevivência, usamos as técnicas de história oral como caminho
metodológico. A escrita propõe cosmopercepções que potencializam vozes de
sujeitos quilombolas a contarem as suas próprias histórias. Partimos da
problematização da educação pedagógica que é a colonialidade, a qual ensina
sujeitos marginalizados e subalternizados a serem sujeitos na sociedade. Portanto,
pude compreender que em cada prática desenvolvida no Sítio Alto é cheia de
ancestralidade, como também são formas de contar a vida cotidiana, dar uma
sonoridade que fica e dá significados, que podem ser reproduzidos na forma de arte
e movimento do corpo livre. A pesquisa confirma que dentro de quilombo, que se faz
magia de saber, existem pessoas convivendo com seus conflitos próprios e os da
comunidade, mas que, mesmo assim, fazem de todos os dias novas oportunidades
para compartilhar saberes, que são ancestrais. A movimentação de cada corpo
quilombola faz a ressignificação e insurgência dos saberes ancestrais presentes no
quilombo Sítio Alto, reafirmando – vida liberdade do povo preto.