Narrativas juvenis no Instagram sobre a escola pública estadual de ensino médio de tempo integral de Aracaju
Abstract
O presente estudo compõe a Linha de Pesquisa em Educação e Comunicação do Programa de
Pós-Graduação da Universidade Tiradentes e tem como objetivo investigar as percepções dos
estudantes do Ensino Médio Integral de Aracaju sobre a escola por meio das narrativas
publicadas no Instagram. Falar sobre o Ensino Médio significa dialogar com a geração Z ou
com os nativos digitais que imersos na cibercultura, hiperconectados e multimidiáticos
desafiam a escola. Significa também reconhecer alguns processos excludentes ainda presentes
na Educação Básica, quanto ao acesso, pois nem todos os jovens de 15 a 17 estão matriculados
no Ensino Médio; à permanência, por ser o nível que apresenta os maiores indicadores de
evasão escolar e à aprendizagem, uma vez que os baixos indicadores nas avaliações internas e
externas ratificam o quanto o Brasil precisa avançar. Possibilitar que as juventudes consigam
chegar, permanecer e aprender na escola exige novas políticas públicas e um constante
ressignificar dos processos de ensino e de aprendizagens. Em 2017 o país criou uma política de
fomento para a implantação do Ensino Médio de tempo integral, com a ampliação do tempo
diário de permanência do estudante na escola e flexibilização do currículo. Pensando a escola
como espaço colaborativo de construção com os estudantes vamos analisar como os estudantes
reconhecem e apresentam a escola de tempo integral nas redes sociais digitais, por meio das
postagens entre os anos de 2019 e 2020. Optamos por uma pesquisa de natureza
predominantemente qualitativa e netnográfica, com pesquisas de telas para a coleta de dados
dos perfis no Instagram de quinze escolas estaduais aracajuanas que ofertam Ensino Médio de
tempo integral. Em relação aos aportes teóricos, trabalhamos com as concepções Tecnologias
e Educação Martin-Barbero (1997, 2010), Buckingham (2006, 2010), Juventudes a partir de
Frigotto (2009), Abramovay (2006), Sociedade em rede, por meio de Levy (1999, 2001); Lemos
(2004, 2010), Santaella (2007, 2010), Educação e Comunicação com Freire (2004, 2005). As
juventudes que formam o Ensino Médio, literalmente, vivem a cultura digital, caracterizada
pela interação, conectividade, mobilidade, velocidade e ubiquidade. Como resultado da
Pesquisa podemos inferir que o estudante cria um perfil no Instagram para narrar suas histórias
de afetos e criticidade sobre a escola. Em alguns perfis essa relação é apresentada como
tranquila e confortável, já em outros é inquieta e transgressora, em ambas, é imprescindível
pensarmos nos processos de comunicabilidade, na utilização de multiplicidade de narrativas,
no reconhecimento da produção de conteúdos no ciberespaço e na posição curiosa e atuante do
estudante sujeito e fazedor da história.