Revolver a terra, semear a memória e regar a história: formação do professor primário rural em Sergipe (1946 – 1963)
Abstract
Esta tese tem por objetivo geral compreender como se configuraram as estratégias e táticas de
formação e de atuação do professor primário rural em Sergipe no recorte temporal de 1946 a
1963, no sentido de compreender a formação do professor rural em Sergipe. Com efeito,
traçou-se os seguintes objetivos específicos: Mapear e analisar os Acordos de Cooperação
Técnica para a educação rural firmados entre o Brasil e os Estados Unidos da América em
meado da década de 1940 a 1960, bem como compreender sua relação com a Unesco e as
Recomendações que deles resultaram; identificar e analisar as estratégias de formação
propostas pelo MEC/Inep para os professores primários rurais no período estudado; Arrolar e
comparar as táticas dos professores in/re/formados, no sentido de cumprirem os objetivos do
Inep; Verificar e interpretar que memórias os professores primários rurais têm sobre suas
experiências professorais no âmbito da in/re/formação para atuarem na escola rural sergipana.
Para realização do estudo utilizei os conceitos de estratégia e tática de Michel de Certeau
(1998), o conceito de experiência e a abordagem da história vista “de baixo” de Edward P.
Thompson (1981; 1998). No tocante à metodologia foram utilizadas a metodologia de
História Oral de Verena Alberti (2004; 2005), aliada à pesquisa bibliográfica e documental. A
tese defendida é a de que a estratégia adotada para a formação dos professores rurais em
Sergipe, no período estudado, esteve baseada em processos de in/re/formação aligeirada para
atender proforma o que rezavam os Acordos e as políticas nacionais de educação no tocante
ao meio rural. Além disso, os professores formados a partir de referenciais teórico-metodológicos para atuarem na perspectiva de contribuir para modernizar a educação rural
não foram ao campo, deixando uma lacuna que foi preenchida por professores leigos e que,
mesmo fazendo cursos de aperfeiçoamento, não puderam atender aos anseios das normativas
estatais e com isso lançaram mão de táticas para atuar na escolar rural e burlar o que estava
prescrito nas políticas educacionais.