Arte, história e vida de Judite Melo (1963-2019)
Abstract
O reconhecimento a respeito da história de vida da personagem Judite Melo apaga o
silêncio, até então instaurado no seu percurso pessoal e profissional, no sentido de
acreditar no poder da transformação da cultura, em um novo tempo, uma nova vida
e um novo pensar. A presente pesquisa parte do pressuposto de que a arte sacra de
Judite Melo emergiu, do ambiente artístico e cultural, que se desenvolveu na cidade
de Estância ainda, nos anos de 1910. Neste sentido esta pesquisa tem por objetivo
geral: Compreender a artista sacra Judite Melo, a partir da sua experiência vivida.
Com efeito, traçaram-se os seguintes objetivos específicos: relatar a história de vida
de Judite Melo, no contexto da sociedade estanciana/sergipana; discutir o percurso
formativo de Judite Melo; e elucidar a rede de sociabilidade da artista em análise. O
recorte temporal é de 1963, o primeiro ano, início da vida artística de Judite Melo,
marcado pelas participações da nossa personagem em dramas religiosos, teatrais,
recitação de poemas de sua autoria, em festas populares da cidade, e o ano de
2019, quando ela foi homenageada em um concurso artístico para estudantes em
comemoração ao Dia da Mulher, realizado pelo Instituto Federal de Sergipe-Campus
Estância, intitulado “Mulheres na cidade: novas conquistas e grandes desafios”. O
estudo está fundamentado em uma abordagem qualitativa, assentada nos princípios
teórico-metodológicos da História Oral, conforme proposta de Alberti (2004-2005),
sob o alicerce da História da Educação. A pesquisa tem como fonte, os relatos orais,
coletados por meio de entrevistas semiestruturadas, com parentes, amigos e
sociedade sergipana que conheciam a artista; publicações na imprensa e em
veículos oficiais, que deram forma à narrativa construída e aflorou as vozes dos
sujeitos envolvidos na história de vida de Judite Melo, na tentativa de estabelecer
diálogos com a memória que compõe o objeto/sujeito da pesquisa. Para tanto, foram
realizadas visitas aos arquivos públicos, Institutos, Bibliotecas, Atelier pessoal da
artista, visitas às galerias de artes e Museus; para fazer investigação documental e
fotografar as obras a respeito da artista. Para embasar essa discussão utilizei os
conceitos de narrativa e de experiência de Benjamin (1995, 1996), e o conceito de
memória de Bosi (1994), dando sentido às narrativas (re)significadas. Desse modo,
esta pesquisa contribuiu para entender que a arte sacra de Judite Melo, emergiu de
um movimento artístico e cultural estanciano, como foi pensado no pressuposto,
mapear a rede de sociabilidade da artista, além de evidenciar algumas etapas de
sua formação artística no fazer e no seu vir a ser artístico.