Instrução primária pública no ensino noturno para os adultos trabalhadores na província de Sergipe (1871 – 1889)
Abstract
O estudo dessa pesquisa parte da premissa de que a instrução pública de ensino
primário na província de Sergipe, em 1871, instituiu um projeto de educação para a
classe popular, os adultos trabalhadores, compreendido como necessário à
instrução de aprender a ler e escrever. O curso de ensino noturno foi instituído na
administração do presidente da província, Antônio Cândido da Cunha Leitão,
visando à modernização da sociedade através da educação como processo
civilizatório. Neste sentido, o presente trabalho objetiva analisar como se configurou
a instrução pública de ensino noturno em Sergipe no período imperial (1871–1889).
O recorte temporal se justifica pelo fato de que em 1871, foram instituídas as
primeiras iniciativas da instrução gratuita de ensino público noturno nas principais
cidades de Sergipe, para os adultos trabalhadores, finalizando com a saída do
imperador do Brasil, D. Pedro II, após sofrer o golpe de 1889, pelos militares que
instituíram o poder republicano. O estudo foi desenvolvido a partir das seguintes
questões norteadoras: O que contribuiu para a motivação do presidente da província
de Sergipe, à época Cunha Leitão, a instituir aulas noturnas para os adultos
trabalhadores em Sergipe? Essa ação estaria relacionada ao processo gradativo do
crescimento comercial e urbano de Aracaju? Por que a escola não estava
contemplada em todas as classes sociais? Para o embasamento da construção da
escrita narrativa e análise das fontes, recorre-se ao seguinte referencial teórico e
metodológico: Amorim (2013), Elias (1994), Burke (2005), Chartier (2002), Oliveira
(2003); quanto à metodologia, utiliza-se a qualitativa de caráter histórico documental.
As fontes utilizadas foram: relatórios, anais, legislação e jornais, entre outras. Foi
possível constatar que a oferta da instrução do ensino noturno foi instituída após a
proposta de projeto ser aprovada na assembleia provincial pelos deputados. Os
beneficiados eram a classe popular, os adultos trabalhadores, jovens e crianças,
que, no cotidiano do dia a dia, trabalhavam para manter sua sustentabilidade e
sobrevivência e ficavam fora do ciclo da educação, não tendo oportunidades da
educação formal escolar. Além desse fato, o número de analfabetos era bastante
elevado e o crescimento urbano e comercial de Aracaju necessitava do processo de
modernização e civilizador. Este estudo não é um trabalho definitivo, mas uma ponte
de diálogo com outros estudos representativos do século XIX.