A metalinguagem em São Bernardo: romance de Graciliano Ramos

Abstract

Este trabalho analisará o emprego da metalinguagem no romance São Bernardo através do discurso do personagem-narrador Paulo Honório. O estudo reveste-se de uma finalidade prática: tornar evidente o uso das funções da linguagem nessa obra como habilidade criadora do imaginário textual, a partir de questionamentos sobre a eficiência do emprego desse recurso lingüístico. Em que medida a metalinguagem contribui para o papel psicologizante do romance São Bernardo? Em que medida o autor trabalha a narrativa para que o imaginário do texto apresente-se durável e novo ao leitor? E qual a importância da metalinguagem como forma expressiva mediadora de tensões entre o homem e a sociedade? As respostas às questões levantadas acerca da eficiência desse recurso como meio expressivo para o ato estético do autor e, como configurador da tensão entre o “eu” do autor/narrador e o meio, permite esclarecer o fazer do texto e inserir o leitor no universo da narrativa de forma que melhor qualifique o trabalho artístico-literário em evidência. No âmbito da modernidade artística, o recurso lingüístico da metalinguagem evidencia o processo de produção da obra literária, e assim ela perde a sua aura, deixa de ser vista como fruto de inspiração e passa a ser percebida como trabalho, ato. É o ato estético do autor Graciliano Ramos na obra São Bernardo que é trazido à luz nesse trabalho, percorrido pelo viés da metalinguagem como parte da sua estilística.