PERFIL DA SÍFILIS GESTACIONAL E CONGÊNITA E ATUAÇÃO DAS EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA EM UM MUNICÍPIO DO NORDESTE BRASILEIRO
Abstract
A sífilis é uma doença infecciosa crônica que tem como agente etiológico o Treponema pallidum, que pode provocar comprometimento sistêmico progressivo quando não tratada. Objetivou-se analisar o perfil da sífilis gestacional e congênita, bem como a atuação dos profissionais das equipes de saúde da família na prevenção e controle desse agravo no município de Nossa Senhora do Socorro - Sergipe. Trata-se de uma pesquisa com delineamento misto, descritiva e quantitativa. No estudo com dados primários a população foi constituída por 116 profissionais de saúde do Programa de Saúde da Família, que prestam o atendimento às gestantes. A etapa com dados secundários foi realizada com todos os casos notificados no SINAN de sífilis gestacional e congênita no ano de 2011 a 2015. Os dados primários foram coletados por meio de um questionário estruturado abordando a atuação desses profissionais. Os dados secundários foram coletados a partir das fichas de notificação de sífilis gestacional e congênita. A análise estatística foi realizada utilizando estatística descritiva simples e o teste qui-quadrado de tendência pelo software R Core Team 2017. A incidência anual da sífilis gestacional apresentou uma tendência crescente, de 5,8 para 10 casos para cada mil gestantes de 2011 a 2015, e tratadas de forma inadequada na maioria dos casos (92,5%). A sífilis congênita apresentou incidência média anual de 18,5 casos/ mil nascidos vivos. As mães tinham idade entre 20 e 34 anos (61,7%), 67,7% realizaram o pré-natal e apenas 37,2% foram diagnósticadas sifilíticas no período gravídico. 84 profissionais foram entrevistados, 86,9% desses atuam de acordo com o protocolo e manual de prevenção da sífilis congênita. E 81% realizam a busca de gestantes faltosas às consultas do pré-natal, entretanto apenas 52,4% realizaram a captação dos parceiros. Apesar de 66,7% realizarem atividades de saúde educativas para gestantes, há uma grande dificuldade no agendamento dos exames de pré-natal (35,7%). A implementação do tratamento é exercida em sua maioria pelos médicos (64,3%). Contudo o tratamento não é imediato, pela indisponibilidade da medicação nos estabelecimentos de saúde. Dos entrevistados, 72,4% relataram que o serviço de referência e contra referência é quase inexistente. Conclui-se que os agravos estudados persistem como problema de saúde pública, pois as taxas de incidência no período analisado foram ascendentes, estando associadas à maior vulnerabilidade social. Por outro lado, a transmissão vertical esteve relacionada a perdas de oportunidades diagnósticas e terapêuticas evidenciando falhas na assistência ao pré-natal. Ressalta-se a necessidade de qualificação do profissional e implementação de novas ações para controle e eliminação desse agravo.