INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA EM SAÚDE, ACONSELHAMENTO GENÉTICO E AUTOCUIDADO COM A SAÚDE E ALIMENTAÇÃO PARA COMUNIDADES QUILOMBOLAS
Abstract
Entre os problemas de saúde dos negros brasileiros ressalta-se a ocorrência de doenças de
herança genética como a anemia falciforme (AF). A presente pesquisa objetivou,
desenvolver uma intervenção pedagógica em saúde e aconselhamento genético para
comunidades quilombolas, visando a orientação da população sobre o risco genético de
gerarem filhos com AF e noções gerais de autocuidado. O estudo configura-se em uma
intervenção com abordagem quali-quantitativa, realizado na comunidade quilombola de
Patioba, Sergipe. Para a coleta de dados foi elaborado/validado um questionário a fim de
avaliar o conhecimento da população sobre traço e AF, conceitos de aconselhamento
genético, e autocuidado. A amostra do pré-intervenção foi composta por 267 indivíduos,
enquanto 230 participaram da segunda etapa da pesquisa (pós-intervenção). As respostas
descritivas foram submetidas à análise de conteúdo. Realizou-se distribuição de frequência
das variáveis pesquisadas e análise bivariada mediante o teste do Qui-Quadrado com nível
de significância de p<0,05. Evidenciou-se, no pré-intervenção, o desconhecimento sobre
anemia e traço falciforme em 72,3% dos indivíduos quilombolas estudados, enquanto 94,8%
desconheciam as formas de transmissão da AF. A maioria (70,8%) desconhece o conceito
de autocuidado (p<0,001) e apenas 21,7% o definiram adequadamente. Os resultados
evidenciam a efetividade positiva da intervenção executada, visto que, após sua
implementação uma parcela significativa da população (p<0,001) da amostra (60,0%) relata
já ter ouvido falar sobre anemia e traço falciforme, 36,1% alegaram ter conhecimento sobre
o assunto e apenas 3,9% afirmam não ter conhecimento sobre a temática. O índice de
desconhecimento sobre formas de transmissão da AF diminuiu no pós-intervenção para
32,6% e 65,2% definiram adequadamente autocuidado. Constatou-se a necessidade de um
programa permanente de educação em saúde e aconselhamento genético ser oferecido
para comunidades quilombolas, pois apresenta aos indivíduos a probabilidade de gerarem
filhos doentes ou não, contribui para a melhora do acesso à informação em saúde e
autocuidado nesta população.