EFEITO DA ADMINISTRAÇÃO ORAL DE PRÓPOLIS VERDE SOBRE CARCINOGÊNESE DÉRMICA INDUZIDA POR 9,10 DIMETIL 1,2 BENZANTRACENO (DMBA)
Abstract
O câncer de pele apresenta alta prevalência no mundo, tendo sido estimados cerca de 60 mil novos casos para o Brasil em 2012. Dentre as novas propostas terapêuticas, o potencial anticarcinogênico de diferentes produtos naturais tem sido bastante estudado, particularmente, os sobrevindos das variedades da própolis brasileira. O objetivo deste trabalho foi analisar o efeito da administração oral do extrato hidroalcoólico de própolis verde sobre a carcinogênese dérmica em modelo experimental com roedores. Para tanto, foi realizada extração hidroalcoólica de amostra de própolis verde (EHPV) e determinada à concentração de flavonóides. Para o ensaio biológico, foram utilizados 36 camundongos, divididos em 6 grupos (n=6): CTR1 (tratados com tween 80 sem indução tumoral); CTR2 (tratados com 100 mg/kg de EHPV sem indução tumoral); TUM (tratados com água com indução tumoral); PV10 (tratados com 10 mg/kg de EHPV com indução tumoral); PV50 (tratados com 50 mg/kg de EHPV com indução tumoral); e PV100 (tratados com 100 mg/kg de EHPV com indução tumoral). A indução da carcinogênese foi realizada em dias alternados, diferentes ao da gavagem e a aplicação tópica do DMBA, feita no dorso dos animais. Após 16 semanas, os animais foram eutanasiados, para que a área lesada fosse submetida a exame histológico post-mortem. As lesões cutâneas produzidas em dorso de camundongos foram analisadas de acordo com o número e diâmetro médio dos tumores observados em cada camundongo. Os dados obtidos foram expressos sob a forma de média ± desvio padrão e comparados entre os grupos por meio do teste Anova (one-way), seguido da extensão post-hoc de Tukey. Diferenças entre os grupos foram consideradas significativas quando o valor de p foi menor ou igual a 0,05. Realizada a extração hidroalcoólica da amostra de própolis verde, verificou-se que o rendimento do extrato foi de 44,43%. O teor de flavonóides foi de 0,95 ± 0,44%. O número médio de lesões induzidas em TUM (4,14±0,89) foi significativamente maior que em PV10 (2,05±1,02), PV50 (1,8±1,92) e PV100 (2,5±1,73) (p<0,05), não havendo diferença entre os grupos tratados com EHPV (p>0,05). Não houve formação tumoral nos animais do grupo CTR. Não foi observada diferença significativa no diâmetro médio tumoral entre os diferentes grupos estudados, independente do tratamento com EHPV (p>0,05). Os tumores formados nos grupos tratados com EHPV se mostraram histologicamente bem diferenciados, apenas em PV10 foram evidenciadas lesões in situ. A infiltração de estruturas anatômicas nobres foi menos freqüente nos grupos tratados com EHPV (p<0,05). Esses dados sugerem um provável efeito inibitório do EHPV, ainda que parcialmente, sobre a carcinogênese quimicamente induzida por DMBA e que tal efeito quimiopreventivo não estaria relacionado a uma atividade dose-dependente.