PROCESSAMENTO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIHELMÍNTICA E ANTIOXIDANTE DE RESÍDUOS AGRÍCOLAS PARA UTILIZAÇÃO DESTES EM RAÇÃO DE CAPRINOS
Abstract
O plantel caprino brasileiro, composto por 10,4 milhões de animais, ocupa o décimo
quinto lugar no ranking mundial, sendo que 92% dos animais concentram-se na região
Nordeste. Um dos principais fatores limitantes desta atividade econômica, no entanto,
são as parasitoses gastrintestinais. Na busca por alternativas economicamente viáveis
para solucionar esta problemática, a suplementação das dietas caprinas com resíduos
agrícolas tem sido sugerida com o intuito de controlar as helmintíases e aumentar o
valor nutricional da carne. Assim, o objetivo deste estudo é avaliar a atividade antihelmíntica
e antioxidante de resíduos agrícolas (Curcubita moschota e Solanum
tuberosum) processados em diferentes temperaturas para posterior incorporação em
ração animal. Os resíduos agrícolas foram higienizados, seco em diferentes
temperaturas (50 a 100ºC) e triturados em moinho de facas MARCONI®. Os secados
obtidos (granulometria ≤ 1.00 mm) foram submetidos à avaliação da composição
centesimal (AOAC, 1995) e mineral, da atividade antioxidante e do teor de fenóis. Os
secado obtidos com o processamento dos resíduos à 60°C apresentaram maior
abundância de componentes nutracêuticos, sendo a semente de C. moschota rica (%)
em lipídeos (32,22±0,02) e proteínas (40,97±1,66), enquanto a casca de S. tuberosum
apresentou 11,66±0,01 de lipídeos e 4,37±0,116 de proteínas. A composição mineral
de C. moschota revelou 7,8; 5,96 e 20,44 μg/g de Mn; Cu e Zn respectivamente,
enquanto a casca de S. tuberosum obteve 36,25; 6,71 e 46,15 para os mesmos
elementos químicos. Estes percentuais evidenciaram a potencialidade do
aproveitamento destes resíduos agrícola como incremento para ração animal. A partir
da farinha da semente de abóbora, obteve-se extrato aquoso com concentrações
variadas (6,25 a 100 mg/mL) para utilizar bioensaios in vitro para avaliar o potencial
anti-helmíntico contra parasitas de caprinos, nos tempos de observação de 24, 48, e
72 h. O material fecal foi obtido de plantel caprino sergipano naturalmente infectado e
processado pela técnica dos 4 tamises ( 0,125, 0,090, 0,063 e 0,040μm). O OPG deste
material fecal, determinado por Coprokit®, foi de 1085 ovos/g de fezes. As larvas
(Strongyloidea e Trichostrongylidea) foram obtidas de coproculturas com densidade
larval média de 900 larvas/300 μL. O perfil de manejo sanitário de plantel sergipano
caprino, determinado por meio de exames coproparasitológicos e avaliação
iconográfica, revelou que condições infra-estruturais e sanitárias inadequadas associadas a um esquema terapêutico irregular propiciam condições ambientais
propícias a contaminação/infecção parasitária (ovos férteis e larvas viáveis) dos
animais e manutenção de ciclos parasitários consecutivos. O desenvolvimento
experimental completo revelou que tanto as concentrações de 75mg/mL, quanto
100mg/mL foram responsáveis por potencial ovicida de 85±6,38. Com relação ao
potencial larvicida, observou-se que as menores concentrações (6,25 mg/mL),
apresentaram o efeito larvicida igual a 63,1%±13,5, enquanto nas concentrações mais
elevadas (100 mg/mL) a redução larval foi de 65,5±3,8, 76,6±7,5 e 86,8±3,7 nos
tempos de 24, 48 e 72 h, respectivamente, valores semelhantes aos encontrados no
grupo da Ivermectina® com 85,3±12,7; 90,4±5,1 e 95,5±7,9 O extrato estudado possui
ainda a vantagem adicional de causar pequeno impacto ambiental e econômico, uma
vez que utiliza resíduos agrícolas normalmente não comercializados e tem potencial
sustentável, não provocando a destruição da planta adulta, a qual pode gerar novos
frutos e, consequentemente, novas sementes.