ESTUDO DAS SÍNDROMES FALCÊMICAS EM COMUNIDADE QUILOMBOLA, SERGIPE / BRASIL
Abstract
A prevalência de hemoglobina S apresenta nítidas diferenças regionais marcadas pelos processos de miscigenação da população brasileira. O objetivo deste estudo epidemiológico foi estudar as síndromes falcêmicas em habitantes da comunidade quilombola do povoado Patioba, Sergipe/Brasil, e identificar possíveis diferenças em relação às características dos pesquisados da comunidade. Foram entrevistadas 593 pessoas através de formulário validado. Realizou-se inquérito sorológico com 318 indivíduos de seis meses a cinqüenta 50 anos de ambos os sexos. As amostras de sangue foram submetidas ao teste de solubilidade para avaliar a presença de Hb S, seguido do teste de falcização para confirmar essa presença. Essas foram submetidas à eletroforese de hemoglobina pelo método de cromatografia líquida de alta performance (HPLC) para quantificação das frações hemoglobínicas e a identificação do perfil de variantes. A grande maioria da população estudada (86,7%) referiu possuir cor preta e parda com percentual significativamente maior de pretos e pardos em todas as faixas etárias (p=0,01). Pode-se verificar a maioria (45,9%) está empregada e recebe em sua maioria (181) pelo menos 1 salário mínimo. (p<0, 001). Das 318 pessoas que se submeteram ao teste de solubilidade e falcização, 2.2% (7) apresentaram a hemoglobina variante Hb S. Destas, os perfis hemoglobinicos identificados foram HbAS (57%) e associações entre talassemias e heterozigose para Hb S (43%), com valores variáveis de hemoglobina S de 24,9% a 37,9%. A análise citológica revelou que os indivíduos com talassemias apresentaram anemia hipocrômica e microcítica. A análise de parentesco revelou que cinco entre os 318 indivíduos submetidos à triagem sorológica pertencem a dois núcleos familiares distintos. No âmbito estadual, não está instituída a política que prioriza as ações de intervenção aos portadores de síndromes falcêmicas pela inexistência de implantação da fase II da portaria 822/2001 e atenção integral às pessoas com síndromes falciformes conforme portaria 1018 /2005, ambas do MS. Os resultados apontados por esta pesquisa são importantes para o planejamento de políticas públicas de Saúde em relação às síndromes falcêmicas.