| dc.description.abstract | Madame Pommery de Hilário Tácito, autor Pré-modernista, narra a história de uma prostituta que chega a São Paulo para renovar os costumes da vida boêmia de uma cidade ainda pacata nas duas primeiras décadas do século XX, em pleno início da modernização e industrialização da capital paulista. A obra é narrada por um autor onisciente intruso que, ao mesmo tempo em que conta a história dessa cafetina, oferece ao leitor um painel da cena cotidiana paulista, num estilo, linguagem e ponto de vista muito próximos das crônicas de costumes. O autor usa de retórica discursiva, através da mudança do narrador que se apresenta ora em primeira pessoa, ora em terceira, e do foco narrativo, de “onisciente intruso” para “eu como testemunha”, dialogando em algumas passagens com o leitor, no mais puro estilo machadiano, para dar verossimilhança ao seu texto. Usa esse recurso para convencer o leitor da veracidade dos fatos contados. A obra se configura como uma sátira de costumes pelo seu tom de crítica a determinados aspectos da vida paulistana, numa linguagem irônica e debochada e solicita uma revisão crítica do país e suas instituições, como a supervalorização do ideal francês de civilidade, o abandono da cultura colonial brasileira e a política vigente que pregava o caciquismo e o coronelismo sem um órgão regulador. O autor, através da retórica da verossimilhança, apresenta ao leitor uma ampla visão do cenário sócio-político do país, referindo-se a políticos e intelectuais da época, além de situá-lo quanto aos espaços narrados. Enquanto tradição romanesca a obra dialoga ironicamente com os romances românticos, que tinham a cortesã como figura central e, através da linguagem e do estilo, com vários outros autores como Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Machado de Assis e Lima Barreto. | pt_BR |
