dc.description.abstract | A esquistossomose é um problema de saúde pública no Brasil com cerca de 16 milhões de esquistossomóticos, entretanto trata-se de uma doença negligenciada e subnotificada. Em Sergipe, o problema é muito severo, em especial nas regiões da zona da mata e litoral do estado. O comprometimento do sistema nervoso central pela esquistossomose mansônica pode causar um quadro clínico de mieloradiculopatia esquistossomótica (MRE), caracterizado por déficit sensório-motor, disfunção autonômica e esfincteriana, com prejuízo funcional e qualidade de vida. O objetivo do presente estudo foi avaliar as condições clínicas e funcionais dos pacientes acometidos pela mielorradiculopatia esquistossomótica. Trata-se de um estudo prospectivo e transversal, com metodologia mista de 2015 a 2017. O número de prontuários analisados foi de n=29 da população de 106 casos positivos. Foram realizados testes funcionais para: Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF), Medida de Incapacidade Funcional do indivíduo (MIFInd) e por atividade (MIFAtiv), Escala de Ashworth (ASH) e Physical Activity Scale for Individuals With Physical Disabilities (PASIPD) com gasto metabólico desprendido em repouso por quilo de peso (METs-1). A análise estatística considerou p<0,05 significativo para os testes Qui-quadrado, ANOVA One-Way. Dos 35 indivíduos soro positivos, 29 foram localizados, sendo maioria do município de Aracaju (51,72%; p<0,001). O sexo masculino prevaleceu em 68,97% (p<0,001), com idade de 45,21±15,71 anos. A citologia liquorica estava normal e proteinorraquia aumentada. Na CIF 55,17% foi encontrado no domínio função do tônus (b7353) deficiência grave; porém, função da marcha (b770), desempenho em sentar-se (d4103), agachar-se (d4101) e andar por menos 1 quilômetro (d4500), estavam sem deficiência e sem comprometimento. A média dessas variáveis se apresentaram abaixo da gravidade moderada (2). Nas variáveis da MIFInd / MIFAtiv (5,07±3,2) e ASH (2,83±1,26), sem predomínio em relação as pernas. No METs-1, o gasto maior foi para andar (3,71±3,58; p<0,01) equivalendo a 122,66% do gasto metabólico de pessoa sadia. A correlação negativa foi moderada entre virulência, MIFInd (r = -0,43; p= 0,02) e MIFAtiv (r = -0,56; p= 0,002) porém positiva moderada entre virulência e tônus (espasticidade, r = 0,5; p= 0,006). Desse modo, concluiu-se que o comprometimento clínico funcional da maioria dos indivíduos avaliados apresentou resultados com deficiência/incapacidade moderada, mas que não interferia no desempenho funcional de indivíduos soro positivos para MRE. | pt_BR |