| dc.description.abstract | A violência doméstica contra a mulher é considerada um evento complexo, decorrente de desigualdades entre os parceiros ou ex-cônjuges, envolvendo relação de poder e diferenças entre homens e mulheres. O objetivo desta pesquisa foi caracterizar a violência doméstica contra a mulher e analisar as estratégias de atuação dos serviços da rede de atenção às vítimas em municípios sergipanos, identificando as redes de atenção às mulheres vítimas de violência doméstica conjugal e a articulação destas nos municípios estudados. Trata-se de pesquisa de abordagem quantitativa, com um levantamento documental retrospectivo e transversal, no período de 2013 a 2016. Realizou-se a análise de 714 inquéritos relacionados a ocorrências de violência doméstica conjugal, no período citado, contra mulheres em três municípios do estado de Sergipe: Nossa Senhora do Socorro, Barra dos Coqueiros e Itabaiana. O campo de investigação foi composto, também, por instituições nas quatro áreas de atuação (policial, jurídica, psicossocial e da saúde), que compõem a rede de atenção à violência doméstica contra mulher nos municípios de Nossa Senhora do Socorro, Barra dos Coqueiros, Itabaiana e Aracaju. Foram inclusos inquéritos policiais de municípios da grande Aracaju e Itabaiana, posto que a capital já estava sendo analisada em outro estudo do mesmo projeto de pesquisa submetido a edital de fomento de abrangência estadual. Foram utilizados um formulário para levantamento das variáveis idade, estado civil, profissão/ocupação, nível de escolaridade, prole, bairro de residência à época do fato, registros anteriores de violência, tipos de violência sofrida, informações sobre o exame de corpo de delito e características do vínculo com o autor da agressão e um questionário para coletar informações sobre o funcionamento dos serviços de atendimento às mulheres vítimas de violência, perfil dos usuários, estratégias de atuação e forma de interação com as outras instituições da rede. A pesquisa revelou que, apesar da violência doméstica atingir mulheres de diferentes classes sociais, as que procuram as delegacias possuem baixa escolaridade e renda, a maioria solteira, com reduzido número de filhos. Os tipos de violências vivenciadas por essas mulheres são a violência física, psicológica, patrimonial e sexual, sendo o companheiro o principal agressor. Ocorreu um aumento de 13% da violência doméstica contra a mulher nos três municípios pesquisados de 2013 para 2014, no ano seguinte teve uma redução de 10,4%. Mas, de 2015 para 2016, o número de registros aumentou de 163 para 208, ou seja, uma taxa de incidência de 27,6%, considerada alta para as médias nacionais. Participaram do Estudo 2,94 profissionais que prestam assistência direta às mulheres nas instituições pesquisadas. Os resultados evidenciaram que existe necessidade de ampliação da composição dos serviços vinculados à atenção à mulher em situação de violência, já que nas instituições pesquisadas foram identificadas várias dificuldades: atendimentos são fragmentados (27,7%), ausência de um protocolo de assistência à mulher vítima de violência (31%); ausência de uma base de dados comum aos serviços para facilitar o fluxo de informação entre as redes (33%); recursos humanos insuficientes (42 6%). Os desafios das instituições que compõem a rede de atenção à mulher não são apenas técnicos e operacionais, mas também na articulação entre as instituições, o que gera a fragmentação dos serviços e compromete a qualidade da assistência prestada às mulheres que procuram a rede. | pt_BR |
