dc.description.abstract | O câncer infantil inclui um grupo de doenças (tumores sólidos e doenças sistêmicas) que
ocorrem em qualquer parte do corpo e se caracterizam pela divisão e proliferação
desordenada de células cujo material genético sofreu mutação, danificando tecidos e órgãos
em indivíduos menores de 15 anos de idade (Roca; 2000. p. 426-51).
Estima-se que surjam aproximadamente 200.000 casos por ano no mundo, e no Brasil,
cerca de 7.000 na mesma faixa de tempo. Dados internacionais indicam que 1 em 100.000
adultos jovens será sobrevivente de câncer na infância. Neoplasias são a principal causa de
morte relacionada à doença entre jovens com menos de 15 anos nos países desenvolvidos,
sendo responsável por 10% dos óbitos, com tendência crescente nos últimos anos. Depois dos
acidentes, o câncer ocupa o segundo lugar das mortes no Brasil. A quimioterapia e/ou
radioterapia utilizada no tratamento da enfermidade pode causar muitos efeitos colaterais
agudos e de longo prazo na cavidade oral do paciente. Além disso, devido à imunossupressão
que ocorre no doente, qualquer fonte de infecção oral/dentária ou trauma de tecidos moles
pode afetar os cuidados médicos, resultando em morbidade, mortalidade e maiores custos
hospitalares. (Avsar, A., Elli, M., Darka, O., & Pinarli, G. (2007).
De acordo com informações divulgadas no ano de 2009 pelo Grupo de Pesquisa e
Assistência ao Câncer Infantil (GRAPI), o câncer infantojuvenil é diferente do que acomete
adultos porque afeta principalmente o sistema sanguíneo e os tecidos de suporte. Entre tantas
variedades produzidas pela doença, a leucemia e os tumores no sistema nervoso central
afetam mais as crianças, enquanto os de maior idade são afetados mais comumente pelas
células epiteliais, que cobrem diferentes órgãos do corpo humano.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (2008, p. 19), existem mais de 30 tipos
diagnosticados na infância, dos quais existem até 50 subtipos. A doença tem muitas
manifestações e pode ocorrer em qualquer parte do corpo. Em particular, seus sintomas
podem ser facilmente confundidos com outras doenças comuns da faixa etária. A
consequência é o atraso na busca por auxílio que trará à tona um diagnóstico precoce. Em
algum sentido, a atenção dos pais e/ou responsáveis a quaisquer sintomas é essencial
(NÚCLEO DE APOIO À CRIANÇA COM CÂNCER, 2007).
Na cavidade oral, grande parcela das crianças e adolescentes em tratamento
desenvolvem complicações devido a inúmeros fatores, entre eles, os maus hábitos de
higiene, as mudanças na composição da dieta e a exposição à radiação ionizante,
característica da radioterapia. Como complicações, podemos citar: xerostomia, candidíase,
aparecimento de úlceras, sangramento na gengiva, mucosite e alterações no cronograma de
erupção dentária. O/A cirurgião-dentista odontopediatra, integrante da equipe multidisciplinar
responsável por aquele paciente, será responsável, juntamente com pais e/ou tutores por
tomar os devidos cuidados para evitar o comprometimento do sistema imunológico do menor.
(Ritwik & Chrisentery-Singleton, 2020; Carvalho, Medeiros-Filho, & Ferreira, 2018, LOPES,
2012).
Pais e responsáveis por um grande número de crianças em tratamento oncológico têm
pouco ou nenhum conhecimento sobre as alterações bucais que ocorrem durante o tratamento
oncológico. Por isso, faz-se necessária a disseminação de informações. (Brasil. Ministério da
Saúde. Portaria GM/MS No 1.996 de 20 de agosto de 2007).
Tendo em vista a extrema importância da tomada de medidas preventivas e curativas na
diminuição dos impactos das sequelas bucais causadas pelo tratamento antineoplásico em
crianças, faz-se interessante uma abordagem conscientizadora, com público alvo formado por
responsáveis e pelo próprio paciente, acerca dos benefícios trazidos por uma alimentação
balanceada, higiene oral adequada e acompanhamento por Odontopediatra durante o ciclo
que envolve diagnóstico-tratamento-cura. Além de analisar de forma minuciosa as
“vulnerabilidades” em que esse grupo está mais suscetível. | pt_BR |