“A intolerável companhia que me faço”: a presença das mulheres transexuais e travestis no campo da educação
Abstract
A dissertação que por ora apresentamos, desenvolvida a partir da linha de pesquisa
– Educação e Formação Docente, tem como objetivo geral: analisar a presença das
mulheres transexuais e travestis no campo da educação. Mais do que isso, e
pensando em um recorte do presente tema, delimitou-se, enquanto objeto de estudo,
a solidão que se constitui como dimensão ontológica da violência que marca os corpos
de mulheres transexuais e travestis, atravessando seus processos educativos. Ao
pensarmos o lugar onto-epistemológico dos corpos de mulheres transexuais e
travestis – seja como pesquisadoras, seja como sujeitas pesquisadas no campo dos
estudos de gênero em educação; e mediante uma abordagem implicada ao pós estruturalismo, empreendemos uma análise da solidão como modode subjetivação a
partir da produção do conhecimento no Grupo de Trabalho 23- Gênero, Sexualidade
e Educação da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação –
ANPEd (2004-2019) e, também, de trabalhos defendidos em Programas de Pós Graduação em Educação disponibilizados no Catálogo de Teses e Dissertações
(2010-2021). Para tanto, elegemos uma pesquisa qualitativado tipo bibliográfica e
documental que possibilitou o alcance dos seguintes objetivos específicos: 1) mapear
a presença de uma solidão epistêmica na produção do conhecimento do GT23 –
Gênero, Sexualidade e Educação da Associação Nacional de Pós-Graduação e
Pesquisa em Educação – ANPEd (2004-2019); 2) analisar a realidade das
escrevivências de mulheres transexuais e travestis nos Programas de Pós-Graduação
em Educação a partir do Catálogo de Teses e Dissertações do Centro de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES (2010-2021); 3) discutir a
presença de mulheres transexuais e travestis para o avanço do contexto educacional
na luta pelo alcance de uma inteligibilidade de gênero; 4) Identificar a solidão no
campo da educação como uma dimensão da violência da matriz de inteligibilidade de
gênero que marca ontologicamente a vida de mulheres transexuais e travestis. Os
resultados denotam que, a solidão no campo da educação se constitui entre os muitos
atravessamentos das violências que perpassam os corpos de mulheres transexuais e
travestis em seus processos educativos, incidindo direta e indiretamente na presença
e no protagonismo dessas mulheres na/para a educação, e, consequentemente, na
produção do conhecimento científico. Ao remetermos aos questionamentos de quem
tem se debruçado à escritasob as experiências de mulheres transexuais e travestis e
quem são esses corpos, nos deparamos com a produção de um saber ainda
cisgenerificado, tencionando a noção de uma solidão epistemológica que pode estar
presente à realidade dessas mulheres na educação. Consideramos reconhecer na
produção do conhecimentoem educação um lugar de disputa, além de um caminho
para explicarmos a relação entre a violência e a solidão que se manifesta no processo
pedagógico sob as experiências de mulheres transexuais e travestis.