Formação de professores no programa nacional de inclusão de jovens: uma análise na rede estadual de Sergipe (2012-2016)
Abstract
Esta tese tem como objetivo geral analisar a formação de professores do Projovem Urbano na
Secretaria de Estado da Educação do Esporte e da Cultura de Sergipe (SEDUC/SE) a partir
das representações desses profissionais, com vistas à proposição de indicadores de qualidade
para a prática educativa na Educação de Jovens Adultos (EJA). As categorias de estudo
sustentam-se na formação de professores como um continuum da profissão docente (NÓVOA,
2001, 2007, 2009a, 2009b, 2014 e 2019), no reconhecimento das especificidades da EJA
(SOARES, 2006 e 2011), na práxis como uma ação educativa transformadora (FREIRE,
2000; 2012, 2013; 2017 e 2019) e na qualidade da formação na prática laboral e coletiva
(IMBERNÓN, 1999, 2009, 2011, 2016a e 2016b). Metodologicamente, trata-se de uma
pesquisa qualitativa, de cunho teórico-empírico, tendo como fontes os marcos legais, as
normatizações do Projovem Urbano, os documentos do Sistema Integrado de Monitoramento,
Execução e Controle do Ministério da Educação e da SEDUC/SE, relativos às edições 2012 e
2014. A população investigada envolveu uma amostra de 33 docentes de um universo de 66
em que apliquei questionário on-line com perguntas abertas e fechadas. Os dados coletados
foram trabalhados à luz da análise de conteúdo, fundada nas etapas da pré-análise, exploração
do corpus e tratamento dos resultados, considerando as categorias priori e emergentes. O
mapeamento das teses, dissertações e artigos identificou a predominância de estudos nas
regiões Nordeste e Sudeste. As produções científicas revelaram que a formação do programa
permitiu aos docentes (re)construírem conhecimentos sobre as desigualdades e o
fortalecimento de ações afirmativas de valorização dos sujeitos, significando que, além da
autonomia na escolha da metodologia, os atores locais podem propor intervenções
diferenciadas à EJA. A configuração da formação dos professores no Projovem Urbano na
SEDUC/SE apontou para um perfil majoritariamente feminino, concentrado em três faixas
etárias, indo dos 31 aos 50 anos com formação lato sensu. Em relação à experiência de
docência, 64% dos professores tinham mais de seis anos na profissão. O perfil, ainda, atendeu
às exigências requeridas para contratação pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da
Educação (FNDE). Os resultados sinalizam que o saber fazer docente dos participantes
oportunizou a ressignificação de conhecimentos necessários à docência na/para EJA, os quais
permitiram a mobilização das aprendizagens no exercício do trabalho em sala de aula. As
representações indicaram que os educadores percebem o papel dos sujeitos da EJA no mundo
e a responsabilidade com a natureza e as gerações futuras, com vistas à criação de uma
consciência acerca do contexto, no qual atuam e para o desenvolvimento de uma práxis
vinculada ao campo conceitual, procedimental e interacional. O complexo exercício de
propor indicadores para uma prática educativa diferenciada na/para a EJA fez emergir
categorias relacionadas às dimensões do currículo, do desenvolvimento humano e cidadania,
dos valores e afetividade, da práxis pedagógica e da valorização da profissão.