ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DA LEISHMANIOSE VISCERAL EM ARACAJU/SERGIPE
Abstract
A leishmaniose visceral (LV) tem sido considerada pela OMS como uma doença
negligenciada. No Brasil, a LV vem se expandindo e urbanizando-se. As alterações no
ambiente urbano associado às mudanças climáticas têm sido relacionadas à urbanização
dos flebotomíneos e da LV. O estudo teve como objetivo descrever a epidemiologia da
leishmaniose visceral no município de Aracaju, capital de Sergipe, visando identificar
aspectos humanos, caninos e verificar a abundância e identificar as espécies de
flebotomíneos presentes em região endêmica dessa capital. Foram analisados os casos
notificados no período de 1999 a 2008 no SINAN (Sistema de Informação de Agravos de
Notificação); e, também os inquéritos caninos realizados pelo CCZ de Aracaju no mesmo
período. As coletas de flebotomíneos iniciaram com um estudo preliminar em agosto de
2007 para determinar que tipo de luz (branca ou ultravioleta) teria maior atratividade dos
flebotomíneos, sendo seguida pelas coletas mensais (setembro de 2007 a agosto de 2008)
com cinco armadilhas tipo CDC-adaptada em área endêmica. Durante o período foram
notificados 192 casos autóctones de LV humana em Aracaju. A maior ocorrência de casos
foi em indivíduos do sexo masculino (63,5%). Foram acometidos indivíduos de 5 meses até 65 anos de idade, onde 31,3% eram menores de 5 anos. Dos 58.161 cães examinados no período a positividade da sorologia foi de 5,4%. A luz ultravioleta demonstrou possuir maior atratividade para flebotomíneos e durante os 12 meses foram capturados 1335 espécimes. Foram identificadas 3 espécies, com maior abundância de Lutzomyia longipalpis seguida de L. lenti e um único espécime de L. intermedia. Aracaju está classificado como área de transmissão intensa de LV, apresentando intensa domiciliação do seu vetor na região estudada. O melhor entendimento da cadeia de transmissão no ambiente urbano deve ser utilizado para que as ações de controle possam de aplicadas de forma mais eficaz.