Diálogo entre direitos humanos, reconhecimento, fraternidade e reificação: propósitos convergentes e divergentes
Abstract
O presente trabalho analisa a relação entre a teoria do reconhecimento de Axel
Honneth e o princípio da fraternidade - como categoria jurídica na perspectiva dos direitos
humanos críticos; no enfretamento do fenômeno da reificação. A reificação é um processo
oriundo do modo de produção capitalista, especialmente agravado durante a revolução
industrial. O referido conceito foi desenvolvido por Georg Lukács a partir de aportes teóricos
de Karl Marx e que foram reatualizados por Honneth com sua teoria do reconhecimento. O
esquecimento do reconhecimento é um fator de enfraquecimento das relações sociais do Eu com-Outro, posto que reduz o ser humano a uma condição de coisa, conforme enfatiza a
teoria do reconhecido de Honneth. O esquecimento da condição humana perpetrado pela
reificação é a antítese do reconhecimento e da fraternidade, compreendida como princípio
jurídico que objetiva construir uma sociedade fraterna por meio do diálogo entre os sujeitos.
Sob o prisma crítico dos direitos humanos emerge uma bandeira de emancipação contra a
exploração humana, sobretudo nos processos que buscam anular os vínculos sociais. Nesse
sentido, indaga-se: há a possibilidade de se articular o princípio da fraternidade com a teoria
do reconhecimento proposta por Axel Honneth com o debate teórico dos direitos humanos a
fim de contribuir no enfrentamento da lógica da reificação? Nesse sentido, a hipótese é que
tais teorias convergem na ampliação de um horizonte reflexivo de resistência na perspectiva
dos direitos humanos críticos para uma assertiva consciência de resistência, que não pode ser
reduzida aos aspectos normativos, quando se trata do enfrentamento a reificação. Conclui-se
que a análise teórica indica que os direitos humanos consubstanciados com o reconhecimento
e a fraternidade podem contribuir para uma nova prática de atuação jurídica e política,
conforme destacados no presente trabalho. Para tanto, o trabalho segue a perspectiva
histórico-crítica, pautada na dialética, assim como possui abordagem qualitativa.