dc.description.abstract | A Hiperidrose Primária (HP), suor em excesso, tem origem desconhecida com início na infância ou puberdade e interfere na qualidade de vida (QV). Objetivou-se analisar a prevalência da HP em Sergipe/Brasil bem como avaliar a QV dos portadores de HP plantar (HPP) antes e após simpatectomia lombar retroperitoneoscopica (SLR). Realizou-se três estudos, dois transversais quantitativos e um terceiro longitudinal. Para estimar as amostras considerou-se a prevalência de HP de 2,9%, erro de 5 % e precisão de 1%. A população foi todos os alunos de Medicina matriculados no segundo semestre de 2011 das Universidades Federal de Sergipe (UFS) e Tiradentes (UNIT-SE), resultando em 760 acadêmicos. Deste total, 107 foram de UNIT-SE e 653 da UFS definidos aleatoriamente, resultando em amostra de 447 entrevistados. Em outro grupo, considerou-se a população de Aracaju-SE, Brasil de 571,149 habitantes. A amostra resultou em 1082 e foram entrevistadas 1150, distribuídas em cinco bairros diferentes. Foram realizadas visitas domiciliares, com o agente de saúde da área. Aplicou-se nos dois estudos questionário validado de HP com identificação e critérios diagnóstico. A associação entre as variáveis de HP foi realizada pelo teste do qui-quadrado (p <0,05). Entre os estudantes de Medicina a prevalência de HP foi 14,76 %, com história familiar de 45%. As regiões mais acometidas foram palmar, plantar e axilar, com prejuízo nas atividades diárias e foi diagnosticada por médico em 22,72% dos entrevistados. Na população de Aracaju-SE a prevalência de HP foi de 15,9% e a média de idade foi de 25,9 anos. O início dos sintomas ocorreu em 82% na infância e adolescência, sem associações da HP com sexo, raça e idade (p> 0,05). O suor foi bilateral (72,7%), pelo menos uma vez por semana (60,1%) e piorava em situações de estresse (76,5%). O terceiro estudo consistiu de pacientes já operados para HP em sítios diferentes do plantar e que procuraram tratamento para HPP grave, no período de outubro de 2005 a outubro de 2014. No pré-operatório após 30 dias e, novamente, aos 12 meses da SLR aplicou-se o questionário validado de QV. Avaliou-se recorrência e efeitos adversos da SLR. Dos 58 entrevistados, 36 foram do gênero feminino e 22 do masculino. A QV foi relatada no pré-operatório como muito ruim (89,8%) e ruim em 10,2%. Realizaram-se 116 SLR e após trinta dias da SLR, houve resolução de HPP em todos os pacientes. Três (5,2%) relataram nevralgia transitória da coxa e dezenove (32,7%) tiveram parestesia transitória nos membros inferiores e não houve relatos de ejaculação retrógrada. Após 12 meses da SLR, 49 dos 58 preencheram corretamente o questionário de acompanhamento e referiram aumento leve a moderado na sudorese compensatória (SC) pré-existente. Após seis meses da SLR, um paciente teve recorrência. A melhora na QV foi relatada em 98% dos 49 operados, não houve necessidade de conversão para a abordagem laparotômica, nem óbitos. Conclui-se que a prevalência de HP em Sergipe é alta, com início dos sintomas principalmente na infância e adolescência e história familiar positiva. A HP piora com o estresse e afeta negativamente a QV. A SLR é segura e eficaz no tratamento da HPP grave em ambos os gêneros. Não houve relato de ejaculação retrógrada. Ocorreu um aumento leve a moderado na SC em cerca de metade dos pacientes, mas sem efeito negativo no nível de satisfação por ter sido submetido à SLR e uma melhora significativa na QV. | pt_BR |