dc.description.abstract | A perda neuronal dopaminérgica que ocorre na doença de Parkinson (DP) tem sido relacionada com o estresse oxidativo e a neuroinflamação na via nigroestriatal. O Tradescantia spathacea tem propriedades antioxidantes e pode ser uma estratégia terapêutica para a DP. O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito neuroprotetor do extrato aquoso de T. spathacea (EATS), administrado por via oral, sobre a lesão da via nigrostriatal em ratos. Foram realizados quatro processos de extração, dois por líquidos pressurizados (ELP 1:30 e ELP 1:90 m/v) e dois por infusão (INF 1:30 e INF 1:50 m/v). Os extratos foram analisados quanto ao rendimento global, teor de ácidos fenólicos e flavonoides totais para a seleção do EATS para aplicação in vivo. O extrato selecionado foi avaliado quanto à sua atividade antioxidante (capacidade de sequestro de 2,2-difenil-1-picrilhidrazilo – método DPPH). O estudo foi aprovado pela Comissão de Ética no Uso Animal da Universidade Tiradentes (protocolo número 020517). Ratos Wistar machos (180 - 250 g) receberam microinjeção intraestriatal de solução salina contendo ácido ascórbico (0,02%) ou 6hidroxidopamina (6-OHDA, 20 μg/3μL). Os animais foram divididos em 5 grupos (n = 8) e tratados diariamente por gavagem (0,5 mL) com veículo (água destilada) ou EATS (10; 30 ou 100 mg/kg) por 30 dias a partir do procedimento cirúrgico. Foram realizados os seguintes testes: campo aberto, para avaliar a atividade motora (explorações horizontais e verticais) e ansiedade (defecação) (24 horas e 15 dias após as microinjeções), teste do cilindro, para a avaliação de toques espontâneos contra ou homolaterais à lesão (dias 9 e 29), e teste de comportamento rotatório induzido por apomorfina (0,5 mg/kg) (30 dias), para avaliar a extensão da lesão. A eutanásia foi realizada no dia 30, e os encáfalos, fígado e rins dos ratos foram removidos, fixados em formalina e incluídos em parafina. As secções dos fígados e rins foram coradas pela técnica hematoxilina-eosina para a análise de sinais de toxicidade subaguda. Seções da substância negra pars compacta (SNc) foram coradas por imunohistoquímica para tirosina-hidroxilase (TH), para contagem de neurônios dopaminérgicos. Também foi medida a densidade óptica relativa de fibras positivas para TH e expressão de proteína ácida fibrilar glial (GFAP) (resposta astrocitária) no estriado. Para a análise estatística foram aplicados testes ANOVA (uma ou duas vias) seguida de post-hoc de Bonferroni (dados Gaussianos), ou Kruskal-Wallis, seguido pelo posts-hoc de Dunn (dados não Gaussianos). O rendimento dos de extratos foi de 34,1% (PLE 1:90), 29% (PLE 1:30), 21,5% (INF 1:30) e 21,7% (INF 1:50). As obtenções de ácidos fenólicos foram de 9,5 mg/g (PLE 1:90), 21,1 mg/g (PLE 1:30), 16,8 mg/g (INF 1:50) e 31,7 mg/g (INF 1:30). Os quantitativos de flavonoides totais foram de 38,9 mg/g (ELP 1:90), 26,2 mg/g (ELP 1:30), 29,1 mg/g (INF 1:30) e 35,4 mg/g (INF 1:50). O EATS obtido por infusão 1:30 (m/v), com IC50 de 16,7±1,9 µg/mL, foi selecionado para aplicação no ensaio in vivo e apresentou IC50 de 16,7 ± 1,9 µg/mL no ensaio DPPH. Nos testes comportamentais, a lesão causada pela 6OHDA promoveu rotações contralaterais à lesão após aplicação de apomorfina, diminuição significativa nas explorações horizontais e verticais e aumento das defecações, mas não induziu mudanças no teste do cilindro. A EATS a 30 mg/kg aumentou a atividade exploratória em campo aberto, em comparação com o grupo lesionado não tratado, enquanto o EATS 100 mg/kg reduziu significativamente as rotações e a defecação. O tratamento com EATS a 10 mg/kg não promoveu mudanças comportamentais. No entanto, o EATS em todas as doses administradas foi protetor contra alterações histológicas induzidas por 6-OHDA, quais sejam: diminuição significativa no número médio de neurônios TH na SNc e na densidade de fibras no estriado, e aumento significativo da reação astrocitária no estriado. Não foram observados sinais de toxicidade no fígado e rins. Os resultados indicam efeito neuroprotetor e ansiolítico da EATS. | pt_BR |