REPERCUSSÕES DO TRATAMENTO ONCOLÓGICO NA QUALIDADE DE VIDA DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES INTERNADOS EM UMA INSTITUIÇÃO PÚBLICA HOSPITALAR
Abstract
O câncer infantil representa a primeira causa de morte em crianças e adolescentes em todo o Brasil e altera consubstancialmente a qualidade de vida (QV), uma medida de desfecho que tem sido bastante utilizada na atualidade. Sua avaliação na pediatria oncológica poderá promover um melhor planejamento clínico para os pacientes, ao identificar quais os principais domínios afetados pela doença. Objetivou-se avaliar, no período de quatro meses, os parâmetros de qualidade de vida de crianças e adolescentes (faixa etária de 5 a 18 anos) internados em primeiro ciclo de tratamento oncológico através da aplicação do questionário PedsQL 3.0 Cancer Module e verificar se houve associação entre escores de qualidade de vida e duração de internação hospitalar. Foi realizado um estudo com um grupo-controle composto por crianças internadas na pediatria não oncológica, através do emprego do questionário PedsQL 4.0, com igual aplicação nas faixas etárias do questionário anterior, assim como também os instrumentos abordados foram aplicados aos genitores dessas crianças. Estudo longitudinal, controlado, de natureza quantitativa, exploratória e descritiva, realizado na oncopediatria de um hospital de grande porte do município de Aracaju-SE e considerado de referência para tratamento oncopediátrico. Foram arrolados pacientes internados naquela instituição, durante o período de maio a setembro de 2016. Os dados foram tabulados e analisados no programa estatístico Stata, versão 14.2. A confiabilidade e consistência das escalas utilizadas no presente estudo foram avaliadas pelo coeficiente alpha de Cronbach, com valores apropriados e maiores que 0,90. Foram avaliadas as correlações entre as auto-avaliações das crianças e as avaliações dos pais e verificou-se que foram positivas, e através da análise binomial negativa tivemos tendências de redução de dias de internação conforme aumento da idade do paciente, assim como encontrou-se escores elevados de QV com o aumento do número de dias de internação. Os escores dos dois grupos apresentaram uma distribuição anormal, com valores de QV baixos. Este estudo constatou que alguns elementos são preditores para o aumento de dias de internação hospitalar: a classe socioeconômica DE em relação à classe C1 e escores elevados de qualidade de vida, quando relacionados a escores reduzidos de qualidade de vida. Conclui-se que o prolongamento dos dias de internação repercute no aumento dos escores de qualidade de vida, que pode ser explicado através das experiências de resiliência ou enfrentamento dos pacientes oncopediátricos.