ESTRESSE E AUTOCONCEITO DE PROFISSÃO EM ATLETAS DO FUTEBOL SERGIPANO
Abstract
O futebol é um esporte de amplo alcance social que atrai o interesse de praticantes que almejam ascender socialmente. Para alcançar o sucesso na profissão, os atletas são submetidos a intensas rotinas de treinamentos e cobranças por resultados, expondo-os ao estresse. Por consistir num estado de tensão provocado por fatores biopsicossociais que resultam em alterações fisiológicas, o estresse prepara o indivíduo para enfrentar situações de tensão, funcionando como uma resposta adaptativa. O presente estudo teve o objetivo de avaliar o estresse e o autoconceito da profissão em atletas profissionais do futebol sergipano. Com método de design mixto esta pesquisa teve 81 atletas participantes das quatro equipes que disputaram a semifinal do Campeonato Sergipano de Futebol de 2014. Para o levantamento dos dados foram utilizados o Inventário de Fatores de Stress no Futebol (ISF) e uma entrevista semi-estruturada com variáveis socioprofissionais e tópicos relacionados ao autoconceito e percepções da profissão. Para a análise estatística, utilizou-se o T student, ANOVA ONE WAY e o LSD (pós-teste), com nível de significância de 95%. Para a análise qualitativa das entrevistas, utilizou-se o Discurso do Sujeito Coletivo (DSC). Os resultados evidenciaram que os atletas com mais idade e mais experientes avaliaram com menos intensidade os eventos estressores do futebol. Os atletas casados e com filhos avaliaram as situações com mais intensidade negativa, motivados principalmente por responsabilidades financeiras e pela necessidade de participação mais ativa na convivência familiar. Na amostra, alguns atletas relataram que conciliam o futebol com outra profissão, e estes avaliaram com menos intensidade negativa as situações estressoras, no comparativo com os atletas que se dedicam exclusivamente ao futebol. No segundo momento do estudo, 78 dos 81 atletas concederam entrevista e se definiram enquanto profissionais de futebol em Sergipe. Por meio de análise do Discurso do Sujeito Coletivo, levantou-se que 35,7% dos entrevistados definiram ser jogador de futebol como “um Sonho”, 25,8% significou como “Fazer o que gosta/ama”, 13,6% “Ser Profissional”, 7,7% “Remuneração/Sustento”, 6,2% “Exercer um dom” e 4,6% “Tudo na vida”. Conclui que características sociodemográficas específicas possuem relação com avaliação de estressores. Os atletas têm no futebol um plano de vida apesar das dificuldades esportivas locais. Considera-se que, mesmo ocorrendo num cenário de menor expressão esportiva, trata-se da realidade mais comum do futebol brasileiro.