AMBIÊNCIA FAMILIAR E ESCOLAR: CONHECIMENTOS E SABERES SOBRE PEDICULOSE EM ARACAJU/SERGIPE
Abstract
A incidência de pediculose em crianças na faixa etária escolar pode trazer prejuízos aos alunos, pois pode ocasionar o afastamento destes de suas atividades, sendo, entretanto importante refletir estas questões sob o âmbito das suas condições de vida. É a partir de conceitos e valores familiares, convívio social e escolarização que se traça o desenvolvimento humano, daí a necessidade de articular educação e saúde no ensino infantil. Este estudo propôs avaliar a temática da pediculose capilar sob o contexto da Educação em Saúde na ambiência escolar e familiar, em Aracaju/SE. Trata-se de pesquisa etnográfica, exploratória e descritiva, realizada na microrregião do Augusto Franco, município de Aracaju, especificamente no núcleo familiar e escolar dos alunos de Escola Municipal de Educação Infantil. A população desse estudo compreendeu os pais e/ou responsáveis legais dos escolares matriculados nas séries IV e V (n=47), além dos respectivos professores envolvidos com este grupo populacional. Foram respeitados e assegurados os preceitos éticos, sendo os instrumentos de coleta de dados utilizados os roteiros de entrevistas, diários de campo e registro fotográfico durante o segundo semestre 2014. Os dados quantitativos foram analisados por meio de estatística descritiva (frequência absoluta/relativa, média e desvio-padrão), testes Qui-quadrado de Pearson e Odds Ratio (OR), com intervalo de confiança igual ou menor a 5%, utilizando-se do programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) versão 18.0. Os dados qualitativos e entrevistas foram submetidos à análise categorial subsidiadas nos conceitos de Bardin e Minayo. O sexo predominante dos informantes foi o feminino (66%). Os dados socioeconômicos evidenciaram que cerca de 60% dos indivíduos entrevistados têm renda familiar até 1 salário mínimo e possuem residência própria. Aproximadamente 35% das unidades domésticas são constituídas por quatro membros, sendo que a quantidade predominante de filhos variou entre 2 e 3 crianças. No perfil clínico dos pré-escolares, ressalta-se que 93,6% não apresentaram problemas de pele e 29,8% relataram caso prévio de pediculose (Pediculus humanus capitis). Dentre estes, 40,0% realizaram tratamento medicamentoso e 13,3% utilizaram a catação manual. No tocante aos hábitos de higiene, 44,6% dos pré-escolares realizam a higiene corporal sozinhos, com uma média de 2,62 banhos/dia (dp±0,8). Na associação da infestação do piolho com as variáveis sócio-demográfica e comportamental verificou-se que o resultado foi significativo quanto ao sexo feminino (p=0, 023) e as chances de risco da pediculose capilar são maiores nas meninas OR=4,48, p=0,047). As respostas qualitativas foram agrupadas na categoria conhecimentos e saberes dos pais e/ou responsável e reagrupados nas subcategorias: aspectos biológicos e tratamento. Os conteúdos das entrevistas apresentaram conceitos concretos (o piolho é um inseto), abstratos (nasce através da relação sexual do piolho com a piolha) e imaginários (o piolho gosta de ficar nas cabeças, porque ele fica mais à vontade) sobre o piolho. Os resultados deste estudo reportam à importância da ambiência escolar/familiar não só na infestação do piolho, mas no estreitamento das relações destes dois, mesmo esta não sendo uma tarefa fácil.