INFECÇÕES PARASITÁRIAS SUINÍCOLAS NO AGRESTE SERGIPANO: CONDIÇÕES DE MANEJO E BIOENSAIOS ANTIPARASITÁRIOS
Abstract
A suinocultura brasileira ocupa um lugar de destaque na produção de carne, contando
com um plantel de cerca de 38 milhões de cabeças. Dentre os fatores que interferem no
desenvolvimento da suinocultura, as parasitoses gastrintestinais ocupam um lugar de
destaque. O presente trabalho tem como objetivo avaliar o efeito antiparasitário in vitro
dos extratos aquoso e metanólico de alho Allium sativum L., no contexto das
enteroparasitoses em criações de suínos no agreste sergipano. Foram selecionadas
áreas de criação suinícolas nos municípios que compõem a região Agreste de Sergipe.
As amostras fecais foram coletadas diretamente da ampola retal dos suínos e
analisadas por meio das técnicas de sedimentação espontânea, Willis e Mc Master.
Após preparação, os extratos aquoso e metanólico de alho foram submetidos à
cromatografia gasosa com espectômetro de massa para a identificação de princípios
ativos e utilizados na realização de bioensaios in vitro para verificar o potencial
antiparasitário (larvicida). Nos bioensaios larvicidas, os extratos foram testados para 50
larvas de terceiro estádio, realizados em triplicatas e analisados em 3 períodos de
incubação: 24, 48 e 72 horas. Utilizou-se água destilada e ivermectina como controles
negativo e positivo, respectivamente. As larvas foram classificadas de acordo com sua
motilidade. Na análise dos resultados, foi aplicado o teste de chances (odds ratio) e
Duncan com significância de 5%. Dentre as 588 amostras fecais analisadas, calculou-se
uma prevalência de 67% de amostras positivas, sendo os parasitas encontrados:
Ascaris suum, superfamília Strongyloidea, Trichuris suis, Strongyloides ransomi,
Metastrongylus salmi, Balantidium coli, Eimeria spp. e Isospora sp. As criações
suinícolas com esquema de vermifugação de 1 vez ao ano apresentam ≈ 79 vezes mais
chances (OR= 78,96) de ocorrência das parasitoses em relação àquelas com esquema
de 3 vezes ao ano. Os resultados do bioensaio para os extratos metanólicos nas
concentrações de 200 e 100 mg/mL indicaram que nos tempos de incubação estudados
(24, 48 e 72 horas) reduziu a motilidade larval em 19,4%, 58,7% e 98%,
respectivamente. Valores similares foram encontrados nos testes realizados com o
extrato aquoso nas mesmas concentrações: 22%,48% e 99%, respectivamente. Nas
concentrações de 50 mg/mL e 25mg/mL dos extratos estudados, a mortilidade larval
alcançou índices de 97%, demonstrando que mesmo em baixas concentrações, os
extratos de Allium sativum L. já apresentam alta eficácia antiparasitária. Com este
estudo, pode-se concluir que extratos aquoso e metanólico de Allium sativum
apresentam efeito anti-helmíntico em sistema in vitro (larvicidas), impedindo o
desenvolvimento de larvas infectantes de helmintos do grupo dos Strongyloidea.