POTENCIAIS EFEITOS ANTIPSICÓTICO E NEUROPROTETOR DA APITOXINA EM MODELOS EXPERIMENTAIS PARA ESTUDO DO SISTEMA DOPAMINÉRGICO.
Abstract
A apitoxina é o veneno produzido pelas abelhas do gênero Apis e apresenta efeitos neuroprotetor e antiinflamatório. No presente trabalho, objetivou-se analisar os efeitos farmacológicos da apitoxina sobre o sistema nervoso central em roedores e avaliar o possível efeito neuroprotetor da apitoxina em modelo experimental da doença de Parkinson (DP). A análise farmacológica foi realizada, por meio de testes de comportamento, com particular ênfase para o sistema dopaminérgico. Para tanto, 35 camundongos foram divididos em sete grupos que receberam: salina; apitoxina (0,1 mg/Kg); apitoxina (1,2 mg/Kg); haloperidol (0,2 mg/kg); haloperidol/apitoxina 0,1 mg/Kg; haloperidol/apitoxina 1,2 mg/Kg e diazepam (1 mg/Kg). Foram realizados os testes de catalepsia, campo aberto, estereotipias induzidas por apomorfina e labirinto em cruz elevado. Os resultados dos testes foram submetidos à análise de variância de uma via (ANOVA) seguida do pós-teste de Tukey para comparações entre os tratamentos. A apitoxina na dose de 1,2 mg/kg reduziu a atividade motora (p<0,0001), as estereotipias induzidas por apomorfina (p=0,032) e promoveu efeito cataléptico, de maneira análoga ao haloperidol (p=0,04). Estes efeitos foram diminuídos pelo pré-tratamento com haloperidol, sugerindo ação antipsicótica da apitoxina e interação com o sistema dopaminérgico. Em adição, o efeito do tratamento da apitoxina, e seu principal componente, melitina, foi observado na progressão da morte neuronal dopaminérgica após aplicação de 6-hidroxidopamina (6-OHDA), modelo experimental da DP. Para tanto, 45 camundongos foram submetidos à cirurgia estereotáxica para micro-injeção intra estriatal da neurotoxina 6-OHDA (4 μl, 6 mg/μl) ou do veículo. A apitoxina (0,1; 0,6 e 1,2 mg/kg) e a melitina (0,2 mg/kg) foram administradas durante três semanas consecutivas à cirurgia, uma vez a cada dois dias. Os animais foram submetidos aos testes de campo aberto e comportamento rotatório 30 dias após a lesão. As diferenças entre os tratamentos foram analisadas através do ANOVA, seguido do pós-teste de Duncan, (p<0,05). Observou-se que o tratamento com apitoxina (0,1 mg/kg) reverteu os déficits motores observados no campo aberto em relação ao grupo 6-OHDA e ainda diminuiu o numero médio de rotações induzidas por apomorfina (6-OHDA/salina = 70, 6-OHDA/ apitoxina 0,1 mg/kg = 0). Por outro lado, a melitina aumentou o número médio de giros (348). Os resultados sugerem um efeito neuroprotetor da apitoxina e apontam uma possível toxicidade pela administração isolada da melitina no modelo experimental da DP.