AVALIAÇÃO DA MORTALIDADE MATERNA NO ESTADO DE SERGIPE NO PERÍODO DE 2005 A 2010
Abstract
A mortalidade materna encontra-se entre os indicadores fundamentais que reflete às condições socioeconômica da população e a qualidade da atenção à saúde dispensada à mulher durante o ciclo gravídico-puerperal. O objetivo desse trabalho é avaliar a distribuição dos óbitos maternos e suas principais causas no Estado de Sergipe no período de 2005 a 2010. Trata-se de um estudo analítico retrospectivo, com abordagem quantitativa, baseado em dados primários e secundários de óbitos maternos de mulheres em idade fértil (10 a 49 anos de idade), durante a gestação, parto ou puerpério. As variáveis do estudo consistem em características relativas a condições de vida, morbidade e assistência durante a gestação, parto, puerpério e condições do óbito, sendo excluídos as mortes não obstétricas e àquelas não residentes em Sergipe. As informações foram obtidas na Vigilância Epidemiológica do Estado de Sergipe e no Departamento de Informática do SUS (DATASUS), sendo observados 127 óbitos maternos. Foi realizada a distribuição de frequências com análise descritiva, cálculo da Razão de Mortalidade Materna (RMM) e da Razão de Mortalidade Materna Específica (RMME) e análise estatística bivariada, por meio do teste qui-quadrado e teste G e teste Binomial para análise das proporções para verificar quais variáveis demográficas, socioeconômicas, relativas ao óbito e a assistência prestada no período gravídico-puerperal estariam associadas às causas do óbito, considerando p<0,05. A RMM foi de 57,8/100.000NV. O risco de morte materna para as mulheres durante o período estudado foi maior para àquelas com 35 anos e mais, solteiras, sem nenhuma escolaridade, de cor branca e residentes na região de Propriá (teste qui-quadrado p<0,0001; gl 6,0;IC 95%) Entre as principais causas diretas de mortes maternas observadas foram constatadas os distúrbios hipertensivos e complicações hemorrágicas, seguido das causas obstétricas indiretas, com as doenças parasitárias e infecciosas maternas (teste G/graus de liberdade=19; p=0,338; IC=95%). O estudo mostrou valores acentuados da RMM em Sergipe nos triênios estudados e apontam para causas evitáveis, ligadas à assistência prestada durante o ciclo gravídico-puerperal, necessitando da construção ou formatação de políticas públicas que reduzam os indicadores de morbimortalidade materna. Foram registradas uma menor proporção de óbitos maternos no triênio 2005 - 2007 em relação ao triênio 2008 – 2010. Neste último triênio os óbitos ocorreram em maior proporção devido a complicações maternas por causas obstétricas diretas. No período 2008-2010 a maior proporção de óbitos maternos foi para a mulher atendida na UBS, no intervalo de 37 a 41 semanas.