ATIVIDADE ANTIOXIDANTE, ANÁLISE FITOQUÍMICA E COMPORTAMENTAL DE EXTRATOS DA Portulaca oleracea EM MODELO EXPERIMENTAL DA DOENÇA DE PARKINSON
Abstract
A doença de Parkinson (DP) é descrita como uma patologia degenerativa, crônica e
progressiva, relacionada ao estresse oxidativo. A Portulaca oleracea (PO) é uma planta que
apresenta atividade antioxidante e ação sobre o sistema nervoso central. O presente estudo
teve como objetivos caracterizar quimicamente os extratos aquoso e etanólico da PO e
avaliar sua atividade antioxidante e sua possível ação neuroprotetora em modelo
experimental da doença de Parkinson. Todas as partes da PO foram coletas e processadas
para obtenção dos extratos, que foram submetidos às análises de prospecção fitoquímica,
cromatografia de camada delgada e análise quantitativa da atividade antioxidante utilizando
o 2,2-difenil-1-picrilhidrazila (DPPH). Para o ensaio biológico, ratos foram submetidos à
aplicação de solução salina ou 6-hidroxidopamina intra-estriatal. No mesmo dia, os animais
receberam, por via oral, veículo, extrato aquoso (EAPO, 200 e 400mg/kg) ou extrato
etanólico da PO (EEPO, 200 e 400mg/kg) durante vinte e oito dias consecutivos. Ao primeiro
e décimo quinto dias após o início dos tratamentos foi realizado teste do campo aberto para
verificar o estado motor e emocional dos animais. Os resultados da avaliação
comportamental foram submetidos à análise de variâncias múltiplas com medidas
repetitivas. À análise fitoquímica foram detectados alcaloides, flavonoides, saponinas,
taninos, terpenóides e polissacarídeos. O extrato aquoso apresentou maior ação
antioxidante (IC50 EEPO: 162,62 ± 16,37 μg/ml; EAPO 463,92 ± 40,88 μg/ml). Na avaliação
comportamental observou-se diminuição significativa da atividade motora em todos os
grupos que receberam 6-OHDA, no primeiro dia após a cirurgia, independente do tratamento
realizado por via oral (P < 0,0001). Por outro lado, aos quinze dias, os roedores tratados
com extratos da PO mostraram recuperação significativa da atividade locomotora, sendo
este efeito mais evidente quando administrado o EAPO na dose de 400mg/kg (P < 0,0001).
Os resultados mostraram que os extratos aquoso e etanólico da PO foram capazes de
reverter os déficits comportamentais induzidos por 6-OHDA e que estes efeitos podem estar
relacionados às suas características químicas e atividade antioxidante. A PO apresenta-se,
portanto como importante alvo de estudo com potencial terapêutico no tratamento de
doenças neurodegenerativas.