AVALIAÇÃO DA INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL DE BAIXO CUSTO COMO ALTERNATIVA DE ACESSO DE POPULAÇÕES CARENTES ÀS TECNOLOGIAS REPRODUTIVAS
Abstract
O objetivo da pesquisa em questão foi avaliar a utilização de indução da ovulação e inseminação artificial de
baixo custo, através da utilização de protocolo econômico, nos ciclos de pacientes de baixa renda com indicação
de inseminação intra-uterina (IIU), como alternativa de acesso da população aos tratamentos em Reprodução
Assistida. Como método foram realizadas três tentativas de inseminação artificial em 54 casais atendidos no
ambulatório de infertilidade, selecionados através da indicação de inseminação artificial como opção terapêutica
e que preencheram os critérios de inclusão; foi realizada a indução da ovulação com citrato de clomifeno numa
dosagem de 50mg por dia durante cinco dias, começando do 5º dia da menstruação espontânea ou induzida;
monitorização do crescimento folicular por ultra-sonografia transvaginal até que um ou mais folículos tenham
atingido 18 mm, quando foi administrada a gonadotrofina coriônica urinária (hCG) na dosagem de 10.000 UI;
foi realizado processamento seminal seguido de migração ascendente de espermatozóides; administração de
progesterona natural para suplementar a fase lútea, numa dosagem de 100 mg diária; realização de exame
laboratorial para detecção do nível de hCG no organismo, indicando ou não a gravidez . Como resultado do
estudo, foram atendidas 167 pacientes e dentre elas 123 vieram acompanhadas de seus parceiros na consulta
inicial. 58 pacientes assinaram o TCLE, dentre elas quatro pacientes engravidaram esperando a realização do
tratamento sem chegar a realizar a técnica de IIU. Entre os 54 casais que realizaram o tratamento de IIU de baixo
custo, 5 pacientes tiveram o exame de β hCG > 1 (positivo) no 15º dia após a IIU, resultando em uma taxa de
gravidez de 9,2%. A média de idade das pacientes que realizaram o tratamento foi de (31,8 ± 4,4 anos) e a dos
parceiros (35,6 ± 5,8 anos). Foi relatado pelos casais um tempo de união conjugal e infertilidade variando de 2 a
17 anos. Não foram relatadas pelas mulheres a presença de gonorréia, sífilis e HIV; por outro lado, foi relatado
entre os homens a presença de gonorréia por 7,40%, sífilis 1,85% e não houve relatos da presença de HIV.
Porém, 46,29% das mulheres e 37,03% dos homens relataram a presença de HPV em algum momento após o
início da vida sexual. Foi relatado um consumo alto de bebidas alcoólicas por 83,33% dos homens. Houve uma
melhora da qualidade seminal em todos os casais. Problemas conjugais decorrentes da condição de infertilidade
foram relatados pela metade dos casais. Em conclusão, das 167 pacientes atendidas, 129 pacientes tinham
diagnóstico para indicação de tratamento de baixa complexidade, sugerindo a importância da oferta de
tratamento inicial de custo reduzido para baixa complexidade; este estudo sugere a realização do protocolo
econômico como uma forma de indicação para a alta complexidade, principalmente nos casos de esterilidade
sem causa aparente (ESCA), depois de três tentativas sem obtenção de gravidez. Houve um aumento do número
de espermatozóides com motilidade progressiva linear rápida, sugerindo a efetividade da técnica de
processamento seminal com migração ascendente de espermatozóides no tratamento com protocolo econômico
para baixa complexidade em RHA. Apesar de ser considerada como um problema secundário por planos
particulares de assistência médica e até mesmo pelos serviços de saúde pública, de forma gradativa, a dificuldade
de ter filhos pode causar sérios problemas socais e econômicos para um país.