AVALIAÇÃO ESPAÇO – TEMPORAL DA LEISHMANIOSE VISCERAL CANINA EM ARACAJU/SE
Abstract
No Brasil o controle da leishmaniose visceral é baseada em três ações: detecção e tratamento dos casos humanos, combate ao vetor com uso de inseticidas e inquérito sorológico canino seguido de eutanásia dos cães positivos. Com o constante crescimento da doença, alguns pontos do Programa de Controle da Leishmaniose Visceral são discutíveis como a eficácia da eutanásia dos cães no controle, a falta de atenção para a presença de outros reservatórios e as poucas ações contra o vetor. O objetivo deste estudo foi avaliar a dinâmica espaço-temporal da Leishmaniose visceral canina no município de Aracaju, SE, com base em dados secundários do Programa de Controle, no período de 1999 a 2010. Estudo de tendência temporal retrospectivo a partir dos dados do Programa de Controle da Leishmaniose Visceral Canina de 1999 a 2010, obtidos junto ao Centro de Controle de Zoonoses, Aracaju/SE. As variáveis analisadas foram casos caninos positivos para leishmaniose visceral canina, procedência, quantitativo de exames sorológicos, tipo de demanda, tipo de coleta sanguínea, quantitativo de cães eutanasiados e número de casos humanos. O período estudado foi subdividido em 1999/2003 e 2004/2010 considerando o método de coleta das amostras sanguíneas submetidas ao exame sorológico. A alteração metodológica na coleta sanguínea e quantidade de material biológico têm influência no aumento na prevalência dos casos caninos entre períodos (p<0,001). A correlação entre os casos humanos e o número de cães eliminados apresentou-se negativa e não significativa (r=-0,1478, p=0,6467), enquanto a correlação entre a eutanásia de cães e a prevalência canina apresentou-se positiva e significativa (r=0,8295, p=0,0008), comprovando que a eliminação sistemática dos cães parasitados não reduz a força de infecção canina. Observou-se distribuição da leishmaniose visceral canina por todo o território da capital sergipana, revelando uma tendência de migração Sul-Norte. A Leishmaniose Visceral Canina está em fase de expansão geográfica em Aracaju/SE, com o surgimento de novas áreas de risco de infecção e persistência das antigas áreas de ocorrência da doença, além do estabelecimento de uma rota de migração que caracteriza o deslocamento da infecção parasitária da área periférica para a região central da capital. Em função disso, novas estratégias de controle devem considerar também parâmetros sócio-ambientais, a presença de outros reservatórios e a intensificação do controle do inseto vetor.