A CONSTRUÇÃO DA SUBJETIVIDADE FEMININA: UMA REFLEXÃO A PARTIR DOS CONTOS DE FADAS DOS IRMÃOS GRIMM.
Abstract
Esse trabalho objetiva pensar a figura da mulher presente nos contos de fadas nas obras dos irmãos Jacob e Wilhelm Grimm, escritores de contos folclóricos que resgatavam das origens e saberes populares o espírito romântico de contos de fadas e lendas da cultura ocidental. Desta forma os contos selecionados para esse estudo foram os clássicos da Cinderela, Branca de Neve e Chapeuzinho Vermelho, contos populares adaptados e escritos pelos irmãos Grimm na Alemanha do século XIX. Ressalto o papel social que foi criado sobre a mulher através dos discursos moralizantes contidos nessa literatura e que ainda hoje trazem consigo os resquícios de um passado com suas práticas discursivas, construindo e moldando mulheres. A produção de subjetividades apresentada nos discursos desses contos é a problematização aqui realizada, pois foram se construindo mulheres a partir do modelo de feminilidade idealizado pela sociedade ocidental. Ressalta-se que o objetivo principal dos contos era apontar padrões sociais para as crianças e adultos tendo por finalidade instruir o jeito de ser e agir principalmente de mulheres na sociedade, moldando-as dentro dos padrões estabelecidos para a época. Fadas, bruxas, princesas e príncipes são personagens que compõem as histórias dos contos escritos pelos folcloristas como metáforas do próprio homem, sujeitos às ordens morais e aos códigos de comportamento social. Esse pensamento patriarcalista encontra-se impresso no literário subliminarmente protegido pela fantasia dos contos de fadas e seu mundo encantado. Para compor meu referencial teórico utilizo Clarisse Pinkola Estés (2005), que trata dos contos de Grimm em sua versão tradicional. E para a compreensão do discurso e moral, trabalho com os filósofos da diferença: Foucault (1969,1971; 1976; 1979; 1996,1994, 2005), e Nietzsche (2002,2006, 2007). E outros pesquisadores que traçam conexões com a mesma linha de pensamento desses filósofos como Louro (2007, 2010, 2013, 2015) e Feldens (2008, 2014) para utilizar os conceitos de gênero e subjetividade. E outros autores que estarão presentes na construção desse trabalho, os quais me auxiliaram nessa escrita. Trata-se aqui de uma pesquisa bibliográfica, buscando inspiração na cartografia, conceito utilizado pelos filósofos da diferença, com o método de abordagem qualitativo.