“ESCORREGAR NÃO É CAIR É UM JEITO QUE O CORPO DÁ”: AS CONFIGURAÇÕES DA CAPOEIRA EM SERGIPE NO SÉCULO XIX (1874-1891)
Abstract
A capoeira, enquanto manifestação cultural, surgiu em um contexto marcado pela escravidão negra no Brasil. Assim, a tendência é que o nosso país seja compreendido como o cenário onde emergiu essa manifestação. Neste sentido, existem muitas discussões sobre a História da Capoeira, assim como na História do Brasil, principalmente com relação ao período da escravidão. Ressalta-se que as atrocidades cometidas contra os escravos pelas elites daquele período sempre foram acobertadas, deste modo, documentos significativos relativos à época da escravidão foram queimados, desviados ou desapareceram, bem como documentos oficiais sobre capoeira. Assim, esta pesquisa tem como objetivo compreender as configurações da capoeira em Sergipe no século XIX a partir de notícias veiculadas nos jornais sergipanos na segunda metade do referido século, de relatórios dos Presidentes de Província, do Código de Posturas de Aracaju e do Código Penal de 1890 a fim de analisar a criminalização da capoeira e a repercussão deste fato em Sergipe. O objeto desta investigação é a capoeira enquanto manifestação cultural e seus ensinamentos. Desta forma, nosso problema de pesquisa se volta para o seguinte questionamento: Até que ponto as configurações da capoeira em Sergipe, na segunda metade do século XIX, contribuíram para essa manifestação tendo em vista a formação do habitus do capoeira? Deste modo, demonstramos que a capoeira, mesmo não aparecendo nos documentos oficiais, marcou a história de Sergipe. O estudo é de cunho qualitativo e está inserido no campo da História da Educação que vem recentemente se debruçando por outros campos de pesquisa e aceitando novos objetos a partir dos pressupostos da Nova História Cultural.