dc.description.abstract | A presente dissertação tem como objeto de pesquisa a escravidão e o direito civil no romance Rosaura, a enjeitada. Trata-se da última obra, publicada em vida, por Bernardo Guimarães, na qual o romancista interpretou modos de vida da sociedade que compunha o Brasil oitocentista e eternizou memórias da Academia de Direito de São Paulo, ao descrever a pauliceia antiga. O caminho investigativo foi trilhado com o objetivo principal de compreender como Bernardo Guimarães posicionou-se em relação à escravidão e ao direito Civil na obra Rosaura, a enjeitada, entre os anos de 1847 e 1883. Para alcançar este propósito, fez-se necessário entender como o autor se apresenta na obra, tendo em vista a sua formação e o contexto histórico e social da narrativa; além de identificar e analisar a temática da escravidão e do direito civil, presentes no romance analisado. Para fins de demarcação cronológica, delimitamos os anos de 1847 a 1883, respectivamente o ano da matrícula do autor na Academia de Direito de São Paulo e o ano de publicação da obra, como marco temporal da pesquisa. Além de Rosaura, a enjeitada, o corpus documental elencado como fonte é composto, também, pelas memórias, já publicadas, da Academia de Direito de São Paulo do séc. XIX e pelos documentos parlamentares pertencentes ao mesmo período histórico. Os procedimentos metodológicos adotados fundamentaram-se na operação histórica de análise de fontes, de acordo com Le Goff (1994), que nos orientou a despir o documento e interrogá-lo. Destarte, mergulhamos na obra literária, lançando o seguinte questionamento: como a obra Rosaura, a enjeitada, de Bernardo Guimarães, trata da escravidão e do direito civil, tendo em vista as tensões presentes no romance analisado? A busca por respostas nos mobilizou, também, na composição do referencial teórico, sobretudo, na adoção do conceito de “repertório” – a partir dos estudos empreendidos por Alonso (2002) – enquanto “lupa”, para a leitura da obra, e ferramenta, posto que operamos com ele no processo de análise das
fontes. Por fim, temos concluído que Bernardo Guimarães, no desenrolar da trama e na
caracterização de seus personagens, definindo formas de ação, concebeu em sua narrativa ideias e pensamentos que povoavam o Brasil imperial, sobretudo em torno da discussão sobre as questões raciais que, por sua vez, ocupavam, também, um lugar no debate político e social do país. Deste modo, entendemos a obra como palco de um discurso político e jurídico, pois ao tratar do direito civil e da escravidão, o autor nos levou a passear pelas arcadas e salas de aulas da Academia de Direito de São Paulo, no período investigado, configurando aquele lugar de educação formal como um espaço de formação do pensamento jurídico, político e social. Neste sentido, consideramos a obra Rosaura, a enjeitada como um repertório de Bernardo Guimarães. | pt_BR |