dc.description.abstract | A poesia marginal surge no Brasil, na década de 70 como reações à repressão política iniciada nos anos 60 e como necessidade de expressão de um grupo de jovens que passava por uma grande transformação de comportamento, pois viviam uma época efervescente de demolição das velhas estruturas sociais, políticas, econômicas e culturais. Portanto, não se pode discutir a produção poética desse período sem discutir a construção de identidade desse novo sujeito que faz arte com intuito de derrubar fronteiras e desconstruir os discursos dos porta-vozes das classes economicamente viáveis e do poder. Num cenário político de ditadura militar, os poetas marginais foram além da ideia de apenas fazer uma arte de protesto, de militância de esquerda ou de sujeito que está à margem das relações de poder, apropriando-se dos discursos e dos canais de cultura popular e/ou cultura de rua, levaram a poesia aos lugares mais corriqueiros, numa linguagem mais do que coloquial, debochada, com o intuito menos de chocar e mais de mostrar a nova cara da poesia e do novo sujeito artístico que se constitui dentro de uma sociedade cada vez mais inconstante, porém ou por isso mesmo, mais atuante. É preciso sobreviver artisticamente à repressão político-econômico-social que se fazia presente desde o golpe de 64. Uma das reflexões que instigam o debate sobre a identidade e, em relação a esta, as questões sobre a estética, é a consciência do período e da sociedade em que se vivia: a divulgação dos novos valores que ditavam a produção literária desenvolvida ao longo da ditadura, em que se percebe uma continuidade do modernismo aliada às inovações surgidas na pós-modernidade, revendo e desconstruindo velhos paradigmas visando esclarecer alguns problemas de interpretação da realidade. | pt_BR |