Os seres da diferença: cartografias de professores na produção de saberes ambientais
Abstract
Este trabalho é o percorrer de linhas que desembocam em um sujeito que ao longo
de sua caminhada, molda e é moldado, mas também flexiona e cria fora do molde, o
“Ser Professor”, um ser presente nos movimentos de múltiplas épocas, de múltiplas
vidas. Pensamos durante esse percurso em como ocorrem o processo de educação
ambiental e as produções de subjetividades que envolvem a questão, buscamos
para tal cartografar os saberes e práticas ambientais desenvolvidas pelos
professores no seu espaço escolar, tendo como campo dos acontecimentos o
Colégio Estadual Senador Lourival Baptista. Esta é uma pesquisa cartográfica
desenvolvida a partir de três professores que participaram e dois que ainda
participam, dessa instituição de ensino que está situada no povoado Triunfo,
município de Simão Dias, região agreste do semiárido sergipano. Para alicerçar
essa construção, foram realizadas entrevistas em que se desvelaram falas
permeadas de experiências, narrativas carregadas de emoção, signos e
significados, elementos educacionais, outros ensinamentos de vida, compostos de
dores e prazeres, conceitos de ensinância, subjetividades e diversos outros
aspectos que compõem o Ser Professor. Paralelamente foi desenvolvida uma
pesquisa bibliográfica acerca do surgimento do homem memorioso que hoje compõe
a sociedade ocidental, na tentativa de explicar os fatores que influenciaram a sua
visão dualista de mundo e como isso contribuiu de forma negativa na sua relação
com a natureza, com o ambiente. Para pensar a possibilidade de uma educação
ambiental que perpassa essa visão dicotômica e produz novas possibilidades, foram
chamados a fazer essa caminhada autores da Filosofia da Diferença, como:
Friedrich Nietzsche (1985, 2005, 2007, 2009, 2012a, 2012b, 2013a, 2013b) Gilles
Deleuze (1976, 1986, 1988, 1995a, 1995b, 1995c, 2004, 2010a, 2010b), Felix
Guattari (1993, 1995a, 1995b, 1995c, 2001, 2008) e outros que pesquisaram a partir
dessa possibilidade teórica. Entendemos que os dispositivos educacionais e outros
instrumentos de poder social, carregam em seus fundamentos, em sua genealogia,
valores que ensinam e conduzem os seres humanos a agirem por meio de
enquadramentos dualizados e dualizantes que funcionam como modeladores do que
ser e de como agir. Estes enquadramentos são como demarcações das
subjetividades; influenciam hábitos e costumes, estabelecem o que é certo e errado,
o bem e o mal, definem a moral como sendo sinônimo de ética e determinam
modelos de relações com o mundo, colocam o meio ambiente como coisa a parte do
existir, como objeto que ali está apenas para ser dominado e explorado
indefinidamente. Este estudo nos leva a compreender que o problema da educação
ambiental transcorre pelo entendimento de que não devemos partir dessas
construções culturais já postas e perpetuadas, de que o homem não deve ser visto
divido em corpo e alma, e permanecer discutindo essa dualidade. Essa divisão é o
próprio cerne desta discussão, porque é ela que determina a atual relação do
homem com a natureza