Formação inicial de professores em Sergipe estadonovista: mensagens dos governadores à Assembleia Legislativa (1930- 1949).
Abstract
Esta Dissertação registra a história da formação de professores em Sergipe no período do Estado
Novo, detendo-se também sobre os precedentes da ditadura Estadonovista, e no seu período
imediatamente posterior, de modo a evidenciar suas múltiplas relações (marco temporal de 1930
a 1949). O objetivo geral é analisar como ocorreu a formação de professores em Sergipe
Estadonovista, a partir das mensagens dos governadores apresentadas à Assembleia Legislativa
nesse período. O objeto de estudo foi constituído das mensagens dos governadores de Sergipe
durante o Estado Novo brasileiro (1937-1945). O pressuposto que a sustenta afirma que a
formação de professores em Sergipe, no período de 1930 a 1949, aconteceu de forma lenta e com
poucos incentivos por parte dos governantes que os viam como mediadores e propagadores do
ensino que civilizava as pessoas de acordo com as necessidades e os ideais de cada governo,
função que não justificava investimento em sua formação, pois não traria reconhecimento e
consolidação do poder de cada governante. Os docentes são referidos nas mensagens como meros
funcionários subalternos de uma hegemonia em curso, como diria Gramsci (1991), dos quais não
se temia ou respeitava-se o poder transformador como intelectual, desconsiderando-se seu
potencial como agente de mudança e reduzindo-os à condição de cooptados pelo governo, por
isso mesmo desvalorizados. A clareza da função docente como intelectual formador de opinião
que acessa a todas as classes ou grupos sociais, bem como do seu poder organizativo como
categoria profissional, parece não ter emergido em Sergipe durante o Estado autoritário, não
aparecendo nas mensagens governamentais analisadas. Trata-se de uma pesquisa históricodocumental,
de caráter qualitativo e descritivo. Como procedimentos metodológicos destacam-se
o levantamento bibliográfico, arquivístico e a coleta de dados, em que são utilizadas as fontes
documentais das instituições públicas consultadas, além da Análise Crítica de Discurso (ACD) e
da reconstrução da materialidade das mensagens dos governantes. O referencial teórico embasase
em Dijk (2012), Brzezinski (1986), Gatti et al (2011), Ianni (1986), Dantas (1983) e Diniz
(1991). As análises das mensagens apontam que os discursos estavam prioritariamente voltados
para a ampliação das unidades escolares, bem como para a instrução da população e seu acesso à
escola. Os cursos de aperfeiçoamento docente tinham o objetivo de preparar os professores para
ensinar ao aluno uma cultura embasada no civismo, no desenvolvimentismo industrial, seja nas
áreas urbanas ou rurais e contemplavam pequenos grupos de professores. Comprova-se que a
formação de professores em Sergipe no período Estadonovista estava presente como preocupação
em poucas mensagens analisadas, sob a marca da influência do governo autoritarista e
centralizador. Conclui-se que, sem políticas públicas que assegurem condições dignas de trabalho
a esses profissionais para o exercício da profissão, o desafio de educar é inviabilizado em
qualquer regime de governo. É compreensível o motivo pelo qual muitos desistiam ou perdiam o
interesse pela profissão nesse período de exceção, assim como ainda hoje o fazem.