A memória revelando práticas educativas: representações da configuração docente na cidade de Aracaju – Década de 1980
Abstract
Nas últimas décadas, tem-se percebido no Brasil um maior interesse no que diz respeito às
pesquisas realizadas com enfoque na formação de professores. Essas pesquisas que, em sua
maioria transcorre pela investigação sobre as práticas e saberes da docência, compreendem a
história de professores que construíram suas carreiras e que contribuíram para a História da
Educação. Aqui, a compreensão permeia os fragmentos de histórias de professoras que
construíram suas carreiras e que contribuíram para a História da Educação de Sergipe, em
especial para a cidade de Aracaju, capital do Estado. Assim sendo, para esta pesquisa, o
objeto de estudo corresponde à memória de nove professoras idosas e consequentemente
aposentadas, representantes de uma geração de professores que atuaram no ensino escolar na
década de 1980. A escolha em trabalhar com professoras que hoje vivenciam a última fase da
vida, a velhice, recaiu em uma opção metodológica, fundamentada por Bosi (1994) em
Memória e Sociedade: Lembranças de Velhos. Neste sentido, o objetivo geral foi
compreender como foram estabelecidos os saberes e modos de educar entre as professoras
atuantes nas cinco primeiras séries do ensino escolar, em meio à década de 1980 na cidade de
Aracaju. Com o intuito de compor esta página da educação sergipana, foi necessário mapear
as produções historiográficas voltadas à educação em Sergipe, em especial aquelas que
elegem a cidade de Aracaju; analisar a memória como objeto, assim como fonte que compõe
um estudo historiográfico acerca da educação; e interpretar as lembranças/memórias de
professoras, hoje idosas aposentadas, que atuaram na educação primária na cidade e década já
mencionadas. Para tanto, recorri às pesquisas bibliográfica e documental, bem como à
metodologia da história oral que, segundo Alberti (2004) trata-se de um instrumento de
constituição de fontes. Para atender aos objetivos propostos, foram entrevistadas nove
professoras, número utilizado a partir do critério de “saturação” segundo Bertaux (1980). O
referencial teórico segue os pressupostos da História Cultural Francesa tendo como principais
conceitos: práticas, representações e apropriação de Roger Chartier (2002), que satisfaz
respectivamente aos modos de fazer, ver e reproduzir, tanto no que diz respeito aos objetos
culturais quanto os sujeitos produtores e receptores de cultura. Também se revelaram
importantes o conceito de memória coletiva de Halbwachs (2006), segundo o qual a memória
se remete a um grupo, mesmo que por muitas vezes se mostre de forma particular, e a
compreensão de Foucault (2012) acerca das relações de formação discursiva, que refletem em
condições de exercícios de funções dos enunciados. Neste sentido foi possível dar a ver a
narrativa histórica associada a documentos, o que permitiu constatar que os modos de educar
constituídos por essas professoras, assemelham-se àqueles os quais elas vivenciaram enquanto
alunas