“Uma vez escoteiro, sempre escoteiro”: marcas da educação escoteira em Sergipe (1958 – 2009)
Abstract
O Escotismo é uma prática pedagógica extra-escolar criada em 1907, na Inglaterra, por
Baden-Powell, com o intuito de despertar no jovem o exercício do autogoverno e de
valores éticos e morais, fundamentados na pedagogia do “aprender fazendo.” A sua
chegada à Sergipe, assim como nos demais estados brasileiros, esteve associada à
instituição escolar por meio do que se convencionou denominar “Escotismo de Estado”,
até a metade do Século XX. A partir desta fase, estabeleceu-se em solo sergipano
essencialmente como “associação voluntária”, ora com apoio de instituições estatais e
da sociedade civil, ora sem qualquer tipo de apoio. Assim sendo, o Escotismo atinge a
configuração proposta por seu fundador Banden-Powell, sendo a participação dos seus
membros essencialmente voluntária. Uma vez configurado como associação voluntária,
o Escotismo cresce no Estado e passa a ser composto por vários grupos que vão
surgindo ao longo dos anos. Diante disso, a problemática que surgiu foi: quais
características são (in)comuns nas trajetórias de vida de (ex)escoteiros sergipanos? Para
responder a tal pergunta foram consideradas como objeto de estudo as trajetórias de
vida de pessoas que um dia tiveram experiências no Escotismo no Estado de Sergipe.
Com base teórica na história cultural, o objetivo foi compreender a formação educativa
do movimento e o “produto” desta formação. Isto porque as influências e apreensões
impregnadas nessas trajetórias são reveladoras de um tipo peculiar de educação, que
foram entendidas a partir dos conceitos de Educação não-formal de Coombs e Ahmed
(1975) e de apropriação de Roger Chartier (1990). O método utilizado para além da
pesquisa bibliográfica e documental foi o prosopográfico (CHARLE, 2006), bem como
a metodologia da historia oral, segundo Alberti (2010). A conclusão a que se chegou
neste estudo revelou que as apropriações de conhecimentos técnicos, associadas aos
valores incutidos no movimento escoteiro, deixaram “marcas” as quais foram levadas
para as diferentes etapas das trajetórias de vida dos quarenta e um escoteiros
pesquisados, o que legitima a expressão “uma vez escoteiro, sempre escoteiro”.