Gregório de Matos e a poesia satírica.
Abstract
A produção satírica de Gregório de Matos não foi incômoda apenas para seus
contemporâneos.A sátira constitui a parte mais original de sua poesia, pois foge plenamente
dos padrões pré-estabelecidos pelo barroco vigente e se volta para sociedade baiana do século
XVII, por isso, pode-se chamá-la de uma poesia realista brasileira. Além disso, Gregório
utiliza nas suas produções satíricas a língua portuguesa diversificada, cheia de termos
indígenas e africanos, de palavras, gírias e expressões locais.Por essas razões é que a poesia
de Gregório de Matos, ao abrir espaço para a paisagem local e a língua do povo, talvez seja a
primeira manifestação nativista de nossa literatura e é o início de um longo despertar de
consciência crítica nacional, que levaria ainda um século para abrir os olhos. É de grande
importância a produção de Gregório de Matos para seus contemporâneos.Vale ressaltar que
Gregório tinha extraordinário talento satírico que amalgamava seu agudo censo crítico e de
ridículo, humor violento e corrosivo, além de uma exímia capacidade em manipular a palavra.
O poeta satírico, como é conhecido, Gregório de Matos, daí o apelido de “Boca do Inferno”,
também praticou e com esmero, a poesia religiosa e a lírica. Em suma, a natureza da poesia
satírica estudada no presente artigo, é inegável o reconhecimento de que os poemas satíricos
em Gregório de Matos constituem um vasto painel das mazelas da sociedade baiana do tempo erguido e constituído à luz de certo inconformismo que não perdoa a ninguém, atingindo a
todos atinge em seus pontos mais contundentes.A sátira que notabilizou a literatura
gregoriana, sua agudez, vivacidade, sacarmos e literalidade, transformou Gregório de Matos, em uma vanguarda que na forma era inovadora, serviu muito mais aos interesses dos
poderosos, que para questionar e transformar a realidade cotidiana.