| dc.description.abstract | A literatura “infantil” tem a mesma origem que a literatura “para adultos”; são os mitos, as
sagas e lendas as primeiras manifestações humanas que servirão de fonte para o que posteriormente
a cultura escrita chamará de literatura. Ao longo da história, a produção literária voltada para a
criança e o jovem leitor filia-se à transmissão de valores morais e éticos. Nas sociedades modernas
a escola passou a exercer esse papel, especialmente no que diz respeito à transmissão de valores
culturais e estéticos. Cabe, portanto à escola reconhecer seu papel formador, buscando novas formas
de aguçar nos alunos o gosto pela leitura, respeitando suas necessidades e características próprias.
Por isso, é necessário preservar as relações existentes entre literatura e escola porque ambas
compartilham um aspecto em comum que é a natureza formativa ambas estão voltadas à formação
do indivíduo. Mas o que acontece é que as atividades de leitura propostas aos alunos recorrem à
práticas que não exploram os aspectos mais importante da experiência com a leitura: a experiência
estética. Por outro lado, falta muitas vezes ao professor o conhecimento de textos diversificados que
explorem essa dimensão sem deixar de lado o tratamento de temas mais modernos que sejam do
interesse do pequeno leitor.
No Brasil, a produção literária para o público infantil e juvenil foi marcada pelo
pedagogismo. Uma literatura comprometida com a veiculação de valores morais, que distancia o
leitor da experiência lúdica, imagética e estética que a linguagem pode propor. No entanto, há obras
que constituem exceções no mercado editorial. A produção de Lygia Bojunga Nunes apresentada
neste artigo, ilustrar o caso de uma literatura alternativa destinada ao público jovem. O trabalho da
autora traz uma proposta mais condizente com a literatura contemporânea que ao invés de propagar uma pedagogia moralizadora busca estimular a criatividade, difundir novos valores como a
solidariedade, a amizade o respeito a si mesmo e aos outros.
Apesar de tratar de temáticas mais ao gosto do adulto como, por exemplo, a exploração do
trabalho, as desigualdades sociais, a censura, a autora oferece uma clara visão dos comportamentos
sociais utilizando uma escrita que pretende corroer e destruir normas sócio-culturalmente aceitas,
valendo-se de recursos que só o casamento entre linguagem e imaginação é capaz de realizar. | pt_BR |
