AVALIAÇÃO DOS NÍVEIS DE ESTRESSE LABORAL E REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DO CUIDADOR EM SERVIÇOS RESIDENCIAIS TERAPÊUTICOS EM ARACAJU – SE
Abstract
O Serviço Residencial Terapêutico, um dispositivo da atual Política Nacional de Atenção à Saúde Mental, é um substitutivo à internação em saúde mental destinado a atender pacientes oriundos de longos períodos de internação e que não tenham suporte social ou familiar para retornar à vida em sociedade. Neste serviço é fundamental a participação do cuidador em saúde mental. O objetivo deste trabalho é compreender como o cuidador representa seu papel e os tipos e níveis de estresse que estariam relacionados à função. Pesquisa multimétodo com perfil quali-quantitativo através de levantamento sócio demográfico, avaliação dos níveis de estresse e entrevistas individuais com 24 cuidadores dos Serviços Residenciais Terapêuticos do Município de Aracaju. As entrevistas foram analisadas através do Discurso do Sujeito Coletivo para construção da Representação Social do Cuidador em Saúde Mental. Principais resultados: 25% dos cuidadores apresentaram estresse na fase de resistência com predominância de sintomas físicos da fase de resistência e de exaustão. O principal fator externo correlacionado ao estresse foi o tempo de transporte ao trabalho maior que 60 minutos. O Cuidador em Saúde Mental representa que entrou para o serviço por indicação de terceiros e que precisava do emprego e que teve um treinamento informal com funcionário mais experiente. O subgrupo com estresse representa seu treinamento como formal e prévio; descreve uma rotina de horários rígidos composta principalmente de tarefas como limpar, cozinhar e administrar medicamentos que já estão separados. Entre as situações estressantes há discursos de desvalorização profissional, insegurança, medo, agressão e despreparo para o trabalho. Em geral eles representam seu trabalho de forma afetiva, como uma família a cuidar, mas nesse aspecto há uma diferença no subgrupo com estresse, que representa o trabalho como forma de subsistência; representa o usuário do serviço de forma infantilizada e não tem uma ideia clara do que é transtorno mental. No tocante a formas de melhorar o serviço expressam principalmente a necessidade de mais espaço, mais saídas organizadas com os moradores e maior reconhecimento do seu trabalho. Na expectativa de receber egressos de hospitais de custódia no serviço, os discursos divergem entre uma aceitação passiva da nova situação, uma aceitação sob condições e até a expressão de medo e possível abandono da função no grupo com estresse; e percebem no meio social e familiar em que vivem reações de preconceito e incompreensão pela função que exercem. Conclui-se que o cuidador de saúde mental está submetido a diversos estressores internos e externos como desvalorização de sua função. Necessitam de constante readaptação às necessidades no trabalho para seguir as regras que lhe são impostas e ocultam o sofrimento e o estresse resultante desse esforço.