EFEITO DO EXTRATO DE PRÓPOLIS VERMELHA COMO MEDIDA FOTOPROTETORA CONTRA OS DANOS CAUSADOS PELA RADIAÇÃO UV
Abstract
Estudos em fotoproteção têm sido realizados com a proposta de diminuir os efeitos
biológicos negativos sobre a pele provenientes da exposição à radiação solar. A utilização
de produtos naturais agregados às formulações pode oferecer recursos adicionais devido à
presença de constituintes antioxidantes em sua composição. A própolis vermelha brasileira
é um produto apícola que possui substâncias quimicamente semelhantes a filtros solares
comerciais e essas são capazes de modular respostas biológicas. O objetivo desse trabalho
foi analisar a ação do extrato hidroalcóolico de própolis vermelha alagoana (EHPV) em
formulação tópica contra os danos causados pela radiação ultravioleta em roedores. Foi
realizada a caracterização do EHPV através das análises: teor de flavonóides totais,
atividade antioxidante, determinação do comprimento de onda máximo e cromatografia
líquida de alta eficiência – CLAE. As formulações contendo EHPV nas concentrações de
1,5%; 2,5%; 3,5% e Oxibenzona a 6% foram elaboradas a base de creme Lanette®. Foi
realizado teste de determinação do fator de proteção solar in vitro e avaliação histológica e
atividade da mieloperoxidase (MPO) após aplicação da radiação UVB em ratos nos grupos
experimentais: Controle Irradiado sem Proteção – ISP, Controle com aplicação da
formulação base - Lanette®, aplicação das formulações elaboradas com EHPV 1,5%, EHPV
2,5%, EHPV 3,5% e Oxibenzona 6%. O ensaio consistiu na irradiação UVB na parte dorsal
do animal, quantificação da cor da pele e avaliação da integridade epitelial. Os dados
obtidos foram avaliados através da análise de variância ANOVA, seguido de teste de Tukey,
com nível de significância α=0,05. O teor de flavonóides totais no extrato foi de 3,8% ± 0,4%
e o rendimento da extração foi de 46%. Os testes realizados para atividade antioxidante
mostraram valores de 3,07 mmol trolox /g amostra para o método DPPH e 2,13 mmol
trolox/g amostra para o método ABTS. A CLAE revelou seis picos, três deles identificados
para as substâncias daidzeína, formononetina, e biochanina A. A concentração destes
compostos foi de 0,0285 mg/mg, 0,0405 mg/mg e 0,0325 mg/mg respectivamente. Foram
encontrados valores de FPS de 0,47; 0,68; 0,86 para EHPV 1,5%; 2,5%; 3,5%,
respectivamente, e 4,24 para oxibenzona 6%. A quantificação da cor da pele induzida por
UVB mostrou aumento da tonalidade da pele a partir do tempo 96h, apresentando diferença
significativa (p<0.05) para os grupos EHPV 1,5%, EHPV, 2,5%, EHPV 3,5% e Oxibenzona
6% quando comparados aos grupos controles ISP e Creme Lanette®. A MPO foi reduzida
nos grupos tratados com EHPV e Oxibenzona 6%. O estudo histólogico dos animais
irradiados e tratados com EHPV mostrou-se compatível com a normalidade, além de
algumas áreas de discreta infiltração inflamatória, focos de hiperemia capilar. Já naqueles
irradiados sem proteção e Lanette® observou-se marcante espessamento epidérmico,
edema intracelular, formação de vesículas intraepiteliais hiperqueratose, formação de
crostas, infiltração inflamatória de moderada a intensa e hiperemia. Dessa maneira, por
apresentar alta atividade antioxidante, o EHPV associado a uma formulação tópica
demonstrou ser capaz de reduzir a resposta inflamatória em ratos irradiados por UVB, além
reduzir o desenvolvimento de alterações histopatológicas dermoepidérmicas induzidas por
radiação UVB.