EDUCAÇÃO, HYGIENE E SAÚDE: “HISTÓRIA NATURAL E HYGIENE GERAL E ESCOLAR” NA ESCOLA NORMAL DE SERGIPE (1879-1930)
Abstract
O presente trabalho analisou a cadeira de História Natural e Hygiene Geral e Escolar na Escola Normal de Sergipe, no sentido de identificar a gênese do ensino da higiene no Brasil e em Sergipe. Para alcançar esse objetivo, a pesquisa partiu da caracterização do programa da disciplina de Higiene como instrumento de estratégia social e política de saúde no Brasil e em Sergipe. Identificou-se quando e de que forma “os saberes” da higiene adentraram a Escola Normal no Brasil e de Sergipe. Os conteúdos para o ensino de higiene eram escritos por médicos na instrução primária nos anos iniciais do século XX, além da influência médico higienista no contexto educacional sergipano no recorte temporal entre 1879 a 1930. Utilizou-se como aporte teórico-metodológico Chartier (1990), tomando por base os princípios científicos que fundamentam a constituição da higiene e sua representatividade. Quanto ao higienismo no Brasil, tratou-se do mesmo como parte do processo civilizador, prescrito por médicos que ditaram normas para o espaço urbano e rural, especialmente para a educação escolar e familiar. No que diz respeito ao entendimento das disciplinas escolares sobre os saberes da higiene, identificou-se seu ensino nas academias de medicina brasileira desde a primeira metade dos oitocentos. A análise concluiu que o ensino de higiene adentrou a escola normal a partir da Reforma Leôncio de Carvalho em 1879. Em Sergipe, como no restante do país, os médicos foram os primeiros professores de higiene. Dessa forma, passaram a intervir na práxis pedagógica e comportamental dos agentes da ação educativa daquela época. A influência médica reproduziu saberes e poderes higienistas, prescritos e materializados pelo modelo civilizador, que sob a bandeira da higiene visava regenerar os degenerados. Durante os anos inicias do século XX, as professoras contribuíram na prevenção e no encaminhamento para o diagnóstico de doenças infecto contagiosas. Ao tempo e que ensinavam e cobravam dos alunos os cuidados com o corpo, vestimentas, alimentos, vacinação e moradia adequada. Tais ações legitimam as normalistas como as primeiras educadoras em saúde daquela época.