dc.description.abstract | O presente trabalho tem como objetivo compreender as configurações da escola primária rural
no estado de Sergipe, de 1947 a 1951. Para alcançar esse objetivo, inicialmente, compomos
um quadro social do estado de Sergipe, com o intento de fazer uma análise sobre os modos de
viver e trabalhar no meio rural. Em seguida, mapeamos o processo de expansão do ensino
primário rural em Sergipe, que ocorreu entre os anos de 1947 e 1951, período em que José
Rollemberg Leite assumiu o governo do estado. Posteriormente, buscamos analisar o tipo de
escola que se constituiu enquanto tipicamente rural no estado, tendo em vista os diferentes
objetivos, infraestrutura e proposta pedagógica adaptada ao meio. Por fim, interpretamos as
iniciativas de formação da mentalidade agrícola, através de cursos de formação de
professores. O marco cronológico da pesquisa compreende o arco de tempo 1947 – 1951. No
entanto, foi necessário idas e vindas em tempos históricos anteriores e posteriores com o
intento de responder aos problemas de pesquisa. O recorte temporal corresponde ao primeiro
mandato do governador José Rollemberg Leite no estado de Sergipe e à política de expansão
das escolas rurais do presidente Eurico Gaspar Dutra, até o início da Campanha Nacional de
Educação Rural (CNER), datada de 1952. Para alcançar os objetivos propostos, tomamos
como fonte os relatos orais de 22 professores(as) aposentados(as), de oito territórios
sergipanos, segundo os pressupostos da metodologia da História Oral de acordo com Alberti
(2004). Também tomamos como fontes as Mensagens de Governadores do estado, Anuários
Estatísticos do IBGE, Relatórios Anuais, publicações da Revista Brasileira de Estudos
Pedagógicos (RBEP), Diários Oficiais, a obra Educação em Sergipe de Nunes Mendonça,
publicações de Acrísio Cruz, fotografias, mapas, planta baixa, entre outros. Ao analisarmos
estes documentos, estabelecemos um diálogo entre teoria e evidência, nos termos de
Thompson (1981). Ainda segundo este autor, o ofício do historiador não se faz sem interrogar
as evidências, por isso interrogamos: Como se configurou a escola primária rural, no estado
de Sergipe, no arco de tempo que compreende 1947 a 1951? Qual e como era o quadro social
do estado de Sergipe no tempo definido para esta pesquisa? Como se desdobrou o processo de
expansão e financiamento para o ensino primário rural? Que tipo de escola se constituiu
enquanto tipicamente rural? Quais iniciativas foram tomadas para a formação de professores,
tendo em vista a transformação da mentalidade agrícola? Por fim, a investigação nos
possibilitou compreender que as configurações da escola primária rural se fizeram em meio a
uma constante tensão entre as normas impositivas do Estado e a ação dos sujeitos, mediadas
pelas condições de um e de outro dentro do processo de renovação escolar. Neste sentido,
percebemos aqui que as iniciativas de políticos, educadores e intelectuais não conseguiram
alcançar o objetivo proposto, uma vez que a comunidade rural possuía suas próprias
concepções em relação à escola. | pt_BR |