Livros e leitores: saberes e práticas educacionais e religiosas na coleção folhetos evangélicos (1860-1938)
Abstract
A investigação empreendida, apoiada nos pressupostos da História Cultural, objetivou
compreender a partir da Coleção Folhetos Evangélicos, a difusão de saberes e práticas
educacionais e religiosas no Brasil, no período de 1860 a 1938. O marco temporal
corresponde ao período de publicação da Coleção Folhetos Evangélicos, conjunto de 644
impressos que pertenceu ao Reverendo Vicente Themudo Lessa. O referencial teóricometodológico
está pautado em Carlo Ginzburg (1987) e em Roger Chartier (1990), os quais
trabalham com categorias de análise adotadas na exequibilidade da pesquisa, a saber:
circularidade cultural e práticas. Busquei amparo metodológico nas orientações elaboradas
por Ginzburg (1989) no que concerne ao método indiciário. A análise foi norteada por
indagações que permitiram a apreensão de saberes e práticas educacionais e religiosas
veiculados nos impressos: quais os temas dos impressos que compunham a Coleção Folhetos
Evangélicos? Quais as marcas da leitura de Vicente Themudo Lessa foram deixadas naqueles
impressos? Quais tipografias foram responsáveis pela produção daquela bibliografia? O que o
referido conjunto de impressos testemunha acerca da Educação? Quais os indícios de saberes
e práticas educacionais e religiosas sobrevivem naqueles impressos? Como os catecismos
estão organizados, do ponto de vista pedagógico? A hipótese elaborada é que a difusão da
palavra impressa propiciou a circulação de saberes e práticas religiosas, favorecendo a
consolidação do Protestantismo no Brasil. As páginas amareladas da Coleção Folhetos
Evangélicos testemunham saberes e práticas postos em circulação através dos impressos, com
vistas a moldar comportamentos. Os grifos e anotações deixam uma representação de um
sujeito que atuou na mediação e propagação de saberes e práticas religiosas protestantes, que
guardou impressos para se guardar e nos guardar do esquecimento.